Um outro poeta persa conta que um cão, que morria de sede depois de uma longa caminhada pelo deserto, chegou finalmente de um veio de água. Ele se inclinou, mas, enquanto se preparava para matar a sede, viu a própria imagem na água e confundiu essa imagem com o outro cão, que impedia de beber.
O cão sedento se deitou,ofegante, perto do veio de água e esperou. Um momento mais tarde, se aproximou novamente, se inclinou com prudência e viu que o outro cão ainda estava lá.
Ele se afastou e se sentou de novo, morrendo de sede. Repitiu o mesmo gesto muitas vezes. Finalmente, no limete de suas forças, sem resistir mais, ele se jogou na água, pronto para se engalfinhar com o outro cão.
Para sua grande surpresa, não encontrou nenhum cão. Ele pôde se divertir e matar a sede ao seu bel-prazer, o que lhe pareceu delicioso.
Muito tempo depois, ele saiu da água. Antes de retomar a caminhada, voltou para olhar a água.
O outro cão, novamente, estava lá, o olhava.
Fonte: Contos Filosóficos do Mundo Inteiro - Jean - Claude Carriére
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