quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Estudo mostra que aprender a ler causa mudanças no cérebro

Aprender a ler transforma realidades, insere o indivíduo na sociedade, muda a forma como ele se relaciona com o ambiente. Isso, os pedagogos já sabiam. Mas a leitura é responsável por alterações muito mais profundas: literalmente, ela modifica o cérebro. Uma pesquisa com participação brasileira, incluindo o Distrito Federal, publicada recentemente na edição on-line da revista especializada Science mediu o impacto da alfabetização na mente. Os cientistas constataram que ele é bem maior do que o imaginado. As áreas cerebrais ativadas pelas letras não se restringem à região relacionada à linguagem codificada, mas envolve diversas outras, como os setores da fala e da visão.

Como a escrita é uma atividade recente, comparando-se à idade do homem, o cérebro não tem uma região inata relacionada à leitura. “Temos que fazer uma colagem, utilizar sistemas que já existem”, declarou à agência de notícias AFP Laurent Cohen, do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França (Inserm) e um dos coordenadores do estudo. “Ainda não houve tempo para o órgão formar essa estrutura. Então, o cérebro recicla estruturas antigas para atender às novas demandas culturais”, detalhou Lucia Braga, diretora de pesquisas do Centro Internacional de Neurociências da Rede Sarah, onde foi realizada a parte brasileira do estudo.

Quarenta e um voluntários do entorno do Distrito Federal, incluindo alfabetizados na infância, analfabetos e alfabetizados na idade adulta com diferentes níveis de escolarização, se submeteram a ressonâncias magnéticas funcionais, enquanto tinham seus cérebros mapeados. Durante o exame, que permite visualizar a ativação da atividade cerebral, os participantes recebiam estímulos diversos, como frases e palavras escritas e faladas, imagens de objetos e rostos, e caracteres sem significado semântico. Os cientistas, então, puderam observar a resposta do cérebro de cada grupo de voluntários.

“O resultado é que aprender a ler transforma violentamente as redes neuronais da visão e da linguagem”, diz Lucia. “Quando as pessoas foram expostas às frases escritas, houve um aumento da ativação cerebral na área das palavras.” Entre os analfabetos, não foi constatada a ativação. E, quanto maior a escolaridade, maior a atividade dos neurônios.

“O principal achado da pesquisa, o que nos surpreendeu, foi que os efeitos da leitura no córtex são visíveis tanto nas pessoas alfabetizadas na infância quanto na idade adulta. Então, mesmo quem passou anos da vida sem oportunidade de aprender a ler, quando consegue chegar à escola, tem suas redes cerebrais acionadas exatamente da forma verificada em pessoas alfabetizadas na infância”, explica a neuropesquisadora. “O que vai diferenciar é o nível de escolarização. Quem estudou mais tem maior ativação, mas isso depende menos do fato de a pessoa ter aprendido a ler na infância.”

De acordo com a especialista, o resultado significa que os circuitos da leitura permanecem plásticos durante a vida toda. “Esses resultados demonstram o impacto maciço da educação sobre o cérebro humano. É importante ressaltar que a maioria esmagadora das pesquisas com ressonância magnética funcional cerebral é realizada com cérebro educado, e que a organização cerebral, na ausência de educação, constitui um imenso território amplamente inexplorado”, alerta.

Políticas públicas

Para a médica, que também é presidente e diretora executiva da Rede Sarah, esse resultado tem implicações evidentes para o Brasil. “Se considerarmos que o letramento melhora as respostas do cérebro e redefine a organização cerebral, e que o país tem 14 milhões de analfabetos, é importante pensar como poderíamos mudar essa realidade”, afirma. De acordo com Lucia, conexões mais ágeis levam a uma capacidade maior de funcionamento cerebral. “Essas pessoas podem usar mais seu cérebro e isso terá um grande impacto na vida cotidiana. O estudo poderia ajudar na construção de políticas públicas para alfabetização de adultos”, acredita.

Ainda não se sabe se o fato de o cérebro reciclar estruturas antigas para atender às novas demandas pode ter algum impacto negativo para a mente. “O córtex visual reorganiza-se por meio da competição entre a atividade nova de leitura e as atividades mais antigas de reconhecimento de faces e de objetos. Durante a alfabetização, a resposta às faces diminui levemente à medida que a competência de leitura aumenta na área visual do hemisfério esquerdo, utilizada para reconhecer faces e objetos nos analfabetos”, explica a pesquisadora. “Com isso, observamos que a ativação às faces desloca-se parcialmente para o hemisfério direito. Não se sabe, hoje, se essa competição tem consequências funcionais para o reconhecimento ou a memória de faces.”

5 mil anos

Enquanto o homem moderno tem cerca de 50 mil anos, a escrita começou a se desenvolver há apenas 5 mil anos, em diversas regiões independentes, como a China e a Mesopotâmia (hoje, o Iraque). Os pesquisadores acreditam que as formas mais antigas da escrita são a cuneiforme e os hieróglifos.

Fonte: Jornal Correio Braziliense

As Fronteiras da Consciência (The Frontiers of Consciousness) legendado

Postmodern Times é um projeto de produção e divulgação gratuita de curta-metragens. São documentários que apresentam novas idéias sobre consciência global e técnicas de transformação social e ecológica.

Neste episódio eles entrevistam o presidente do Instituto de Ciências Neoéticas, James O’Dea. Ele dedicou sua vida a estudar os efeitos de traumas numa escala individual e coletiva. Desde seus primeiros anos na Anistia Internacional ele tem mostrado sua devoção ao alívio da dor e do sofrimento entre grupos opostos. Como chefe do IONS, sua prática permeia todo o programa e enfatiza a relação direta do estudo da consciência com a importância da compaixão.

Fonte: http://sebastianvalle.wordpress.com/



Tropa de Elite 2

Assista já


Tropa de Elite 2, de José Padilha, já atingiu 10 milhões de espectadores e é o filme nacional mais visto do ano.

O objetivo é ultrapassar a marca recorde de Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), o atual filme brasileiro mais visto de todos os tempos, com 10 milhões e 700 mil espectadores.

Mas quem quiser interagir com o filme, é só curtir uma temporada de férias no Rio de Janeiro – onde as facções criminosas, até pouco tempo toleradas informalmente pelo governo do Estado, dão seu show de terrorismo na Guerra Psicológica contra os cidadãos.

Fonte: Alerta Total

Índice da felicidade não é para rir: é coisa séria

Por ter um toque de novidade, o direito à felicidade ainda dá margem a ironias. Principalmente no Brasil, onde ela passa a ser obrigação do Estado. Por Cláudio Carneiro

Não são poucos os que deixam escapar um sorriso quando ouvem falar num índice criado no longínquo Butão que mede a Felicidade Interna Bruta (FIB). Talvez por ter um toque de novidade, o direito à felicidade ainda dá margem a ironias e desconfianças — principalmente no Brasil, onde a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou, no dia 11 deste mês, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Felicidade que altera a redação do artigo 6 que deverá incluir o vocábulo “felicidade” entre as obrigações do Estado de prover os direitos básicos de todos nós, cidadãos.

A nova redação — se aprovada em plenário — alterará uma única linha do artigo que diz “são direitos sociais, essenciais à busca pela felicidade, a saúde, a educação, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”. Não cabe acreditar que todas as nossas tristezas serão varridas para bem longe, uma vez que a mesma constituição não nos assegura hospitais minimamente limpos e confortáveis, nossas escolas públicas vão de mal a pior, milhares de pessoas dormem em nossas ruas e a fome e o desemprego grassam sob nossos narizes.

Já estamos carecas de saber que o estado não cumpre sua parte de atender às demandas mínimas da população. Mas as políticas públicas precisam ter a felicidade como meta ou referência. Países desenvolvidos e instituições respeitadas perceberam a seriedade e a importância de perseguir a felicidade.

Ao avaliar a “riqueza” do país pelo FIB — e não pelo PIB — o pequeno, gelado e montanhoso país budista deu um salto em seus indicadores sociais, transformando-se num laboratório de gestão e gestação de um novo conceito de bem-estar. Embora o Canadá tenha sido o primeiro país ocidental a adotá-lo, o interesse pelo FIB corre o mundo e instituições como a ONU e o Banco Mundial estão interessados em torná-lo um índice internacional.

Dinheiro não traz felicidade?

Para muitos, a felicidade pode estar atrelada ao padrão econômico, mas a metodologia de medição do FIB é complexa e percorre a subjetividade do ser humano em questões como saúde cultural, emocional, mental e social e ainda espiritualidade, prazer e liberdade. Uma única entrevista para avaliar o FIB de um butanês pode durar oito horas.

O coordenador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas foi um dos primeiros a se interessar pelo FIB no Brasil. No final de 2008, Marcelo Neri levantou — com base em pesquisa Gallup — que, numa escala de zero a dez, o brasileiro tem nota 8,78 no índice de felicidade futura. Somos mais felizes e otimistas que os dinamarqueses (8,51). Pior situação vive o Zimbábue (4,04). Para obter esses números foram feitas 150 mil entrevistas em 132 países.

Já no item felicidade atual, despencamos para a 22ª posição, com 6,77 pontos. Felizes são os dinamarqueses: 8,02. Ao apresentar os dados do estudo, Marcelo Neri comentou: “O dinheiro traz felicidade em boa medida. Se dobrar a renda, a felicidade cresce 15%”. Já a desigualdade é inversamente proporcional à felicidade. Mesmo considerando o trabalho inteiramente empírico, Neri avaliou que “diminuir a desigualdade na educação e proporcionar trabalho para o jovem pode influir no índice de felicidade futura”.

Presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (Anadef), Luciano Borges lembra que países como Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão reconhecem a felicidade como direito de cada cidadão e da sociedade e que, no caso coreano, é dever do estado assegurar essa prerrogativa. Em recente artigo, ele destaca que, no cenário brasileiro, o novo texto constitucional “pode reforçar o compromisso do Estado brasileiro com os valores mais caros à existência humana, daí a importância de estarem preservados por força constitucional, permitindo maior concretização ao princípio da dignidade da pessoa humana”.



Fonte:  http://opiniaoenoticia.com.br/

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Arquivo Público vai integrar programa da Unesco

Enfim, uma boa notícia dos registros das informações no Estado do Pará....

No próximo dia 1º de dezembro, o acervo do Arquivo Público do Pará será reconhecido pelo Ministério da Cultura, em solenidade realizada na cidade do Rio de Janeiro, como integrante do Comitê Nacional do Brasil ao Programa Memória do Mundo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Segundo o diretor do Arquivo Público do Pará, João Lúcio Mazzini, o reconhecimento não é apenas institucional, mas principalmente a um projeto de salvamento de documentação importante para entender a ocupação da Amazônia. "Podemos ser reconhecidos como patrimônio documental do mundo", afirmou.

Os documentos, informou Mazzini, "mostram a influência portuguesa em todos os conhecimentos humanos na região, incluindo política e cultura, trazendo importantes contribuições sobre como se deu o encontro da cultura portuguesa com as nações indígenas".

CENTENÁRIO

O Arquivo Público do Estado do Pará (Apep), localizado no bairro da Campina, em Belém, é um orgão centenário, vinculado à Diretoria de Patrimônio (Dpat), da Secretaria de Estado de Cultura (Secult). É responsável pelo recolhimento de toda documentação administrativa do Estado do Pará, conforme o Decreto nº 5.961, de 17 de fevereiro de 1989.

Atualmente, o Apep conta com um acervo superior a 4 milhões de documentos, entre manuscritos, impressos e iconográficos (arquitetônicos, astronômicos, armamentos, mapas hidrográficos, populacionais etc).

O acervo formou-se a partir da incorporação de documentos da antiga Secretaria da Capitania do Governo ao da Biblioteca Pública do Estado do Pará, em 1894. Toda a documentação é referente às correspondências oficiais do antigo Estado do Grão-Pará, Maranhão e Rio Negro e toda a área de abrangência da Amazônia brasileira e suas fronteiras.

O Arquivo Público desenvolve periodicamente ações visando a divulgação de seus fundos, séries e coleções especiais. São cursos, seminários e exposições que se destinam a ampliar o número de usuários, oferecendo um esclarecimento maior sobre as pesquisas em andamento ou já concluídas, e que se utilizaram do acervo da instituição.

Fonte : Secretaria de Estado de Cultura

O Miosótis: a flor que iluminou a obscuridade

No início de 1934, logo após a ascensão de Adolf Hitler ao poder, ficou claro que a maçonaria alemã corria o risco de desaparecer.

Em breve, a maçonaria alemã, que conhecera dias glorioso e que tivera, em suas colunas, os mais ilustres filhos da pátria alemã, como Goethe, Schiller e Lessing, veria esmagado o espírito da liberdade sob o pretexto de impor a ordem e uma estúpida supremacia racial

Quanto retrocesso desde que Friedrich Wilhelm III, Rei da Prússia, em 1822, impediu que os esbirros reacionários da Santa Aliança de Metternich fechassem as Lojas Maçônicas, declarando peremtoriamente que poderia descrever os Franco-maçons prussianos, com toda a honestidade, como sendo os melhores dentre os seus súditos…

As Lojas alemãs, na terceira década do século XX, estavam jurisdicionadas a onze Grande Lojas, divididas em duas tendências.

O primeiro grupo, de tendência humanista, seguindo os antigos costumes ingleses, tinha como base a tolerância, valorizando o candidato por seus méritos e não levando em consideração sua crença religiosa.

Constava de sete Grandes Lojas: Grande Loja de Hamburgo; Grande Loja Nacional da Saxônia, em Dresden: Grande Loja do Sol, de Bayreuth; Grande Loja-Mãe da União Eclética dos Franco-Maçons, em Frankfurt; Grande Loja Concórdia, em Darmstadt; Grande Loja Corrente Fraternal Alemã, em Leipzig; e a Grande Loja Simbólica da Alemanha.

O segundo grupo consistia das três antigas Lojas prussianas, que faziam a exigência de que os candidatos fossem cristãos. Havia ainda a Grande Loja União Maçônica do Sol Nascente, não considerada regular, mas que também tinha tendências humanistas e pacifistas.


Voltando a 1934, a Grande Loja Alemã do Sol se deu conta do grave perigo que iria enfrentar. Inevitavelmente, os maçons alemães estavam partindo para a clandestinidade, devido à radicalização política e ao nacionalismo exacerbado.

Muitos adormeceram e alguns romperam com a tradição, formando uma espúria Franco-Maçonaria Nacional Alemã Cristã, sem qualquer conexão com o restante da Franco-Maçonaria. Declaravam eles abandonarem a idéia da universalidade maçônica e rejeitar a ideologia pacifista, que consideravam como demonstração de fraqueza e como uma degeneração fisiológica contrária aos interesses do estado!

Os maçons que persistiram em seus ideais precisaram encontrar um novo meio de identificação que não o óbvio Esquadro e Compasso, seguramente um risco de vida.

O Miosótis

Há uma pequenina flor azul que é conhecida, em muitos idiomas, pela mesma expressão: não-me-esqueças – o miosótis. Entenderam, nossos irmãos alemães, que esse novo emblema não atrairia a atenção dos nazistas, então a ponto de fechar-lhes as Lojas e confiscar-lhes as propriedades.

Vergissmeinnicht, em alemão; forget-me-not, em inglês; forglemmigef em dinamarquês; ne m’oubliez pás, em francês; non-ti-scordar-di-me, em italiano; não-te-esqueças-de-mim, em português.
Diz a lenda que Deus assim chamou a florzinha porque ela não conseguia recorda-se do próprio nome. O nome miosótis (Myosotis palustris) significa orelha de camundongo, por causa do formato das pétalas.

O folclore europeu atribui poderes mágicos ao miosótis, como o de abrir as portas invisíveis dos tesouros do mundo. O tamanho reduzido das flores parece sugerir que a humildade e a união estão acima dos interesses materiais, porque é notada principalmente quando, em conjunto, forma buquês no jardim.

De acordo com uma velha tradição romântica alemã, o nome da flor está relacionado às últimas palavras de um cavaleiro errante que, ao tentar alcançar a flor para sua dama, caíra no rio, com sua pesada armadura e afogara-se.

Outra história contada por ele diz que Adão, ao dar nomes às plantas do Jardim do Éden, não viu a pequena flor azul. Mais tarde, percorrendo o jardim para saber se os nomes tinham sido aceitos, chamou-as pelo nome. Elas curvaram-se cortesmente e sussurravam sua aprovação. Mas uma voz delicada a seus pés perguntou:
“- E eu, Adão, qual o meu nome?”

Impressionada com a beleza singela da flor e para compensar seu esquecimento, Adão falou:
“ – Como eu me esqueci de você antes, digo que vou chama-la de modo a nunca mais esquecê-la. Seu nome será não-te-esqueças-de-mim.”

Através de todo o período negro do nazismo, a pequenina flor azul identificava um Irmão. Nas cidades e até mesmo nos campos de concentração, o miosótis adornava a lapela daqueles que se recusavam a permitir que a Luz se extinguisse.

O miosótis como símbolo foi objeto de um interessante estudo. Se conta, também, que muitos maçons recolheram e guardaram zelosamente jóias, paramentos e registros das Lojas, na esperança de dias melhores. O irmão Rudolf Martin Kaiser, VM da Loja Leopold zur Treue, de Karlsruhe, quebrou a jóia do Venerável Mestre em pequenos pedaços de tal modo que não pudesse ser reconhecida pela infame Gestapo.

Em 1945, o nazismo, com seu credo de ódio, preconceito e opressão, que exterminara, entre outros, também muitos maçons, era atirado no lixo da História. Nas fileiras vitoriosas que ajudaram a derrotá-lo, estavam muitos maçons – ingleses, americanos, franceses, dinamarqueses, tchecos, poloneses, australianos, canadenses, neozelandeses e brasileiros. De monarcas, presidentes e comandantes aos mais humildes pracinhas.

Mas, entre os alemães, alguns velhos maçons também sobreviveram, seu sofrimento ajudando a redimir, de alguma forma, a memória da histeria coletiva nazista. Eles eram o penhor da consciência alemã, a demonstração de que a velha chama da civilização alemã continuara, embora com luz tênue, a brilhar durante a barbárie.

Em 14 de junho de 1954, a Grande Loja O Sol (Zur Sonne) foi reaberta, em Bayreuth, sob um ilustre irmão o Dr. Theo Vogel, núcleo da Grande Loja Unida da Alemanha (VGLvD, AF&AM). Nesse momento, o miosótis foi aprovado como emblema oficial da primeira convenção anual, realizada por aqueles que conseguiram sobreviver aos anos amargos do obscurantismo. Nessa convenção, a flor foi adotada, oficialmente, como um emblema Maçônico, em honra àqueles valentes Irmãos que enfrentaram circunstâncias tão adversas.

Certamente, na platéia, estava o Venerável Mestre da Loja Leopold ZurTreue, agora nº 151, ostentando orgulhoso sua jóia recuperada e reconstituída, suas emendas de solda constituindo-se num testemunho mudo e comovente da história.

Finalmente, para coroar, quando Grão-Mestres de todo o mundo encontraram-se nos Estados Unidos, o Grão-Mestre da recém formada Grande Loja Unida da Alemanha presenteou a todos os representantes das Grandes Jurisdições ali presente com um pequeno miosótis para colocar na lapela.

O miosótis também é associado com as forças britânicas que serviram na Alemanha, em especial na região do Rio Reno, logo após a guerra. Há uma Loja, jurisdicionada à Grande Loja Unida da Inglaterra, a Forget-me-not Lodge nº 9035, Ludgershall, Wiltshire, que adotou a flor como emblema. Foi formada especialmente para receber os militares ingleses que retornavam do serviço na Alemanha.
O uso do miosótis como identificação secreta pelos Maçons alemães foi contestado, sem entretanto, apresentar os motivos da negativa.

Além disso, há anos que casas especializada em paramentos maçônicos, exibem o miosótis em gravatas, alfinetes de lapela e pendantis, em prata, ouro e bijuteria. Por que o fariam, se o miosótis não fosse importante?

Foi assim que essa mimosa florzinha azul, tão despretensiosa, transformou-se num significativo emblema da Fraternidade – talvez hoje o mais usado pelos maçons alemães.

Ainda hoje, na maioria das Lojas germânicas, o alfinete de lapela com o miosótis é dado aos novos Mestres, ocasião em que se explica o seu significado para que se perpetue uma história de honra e amor frente à adversidade, um exemplo para as futuras gerações Maçônicas de todas as nações.


CAÇADAS DE PEDRINHO.: em nome do bem se faz muito mal

Apenas entre agosto e outubro deste ano foram três tentativas de censurar a literatura. Três que se tornaram conhecidas, podem ter ocorrido outras. A mais rumorosa delas foi o parecer do Conselho Nacional de Educação recomendando que o livro “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, fosse banido das escolas públicas. Ou apresentasse notas explicativas alertando sobre a presença de “estereótipos raciais”. Os membros do CNE viram racismo na forma como a personagem Tia Nastácia é tratada no livro. Dois meses antes, em agosto, pais de estudantes do ensino médio da rede pública de Jundiaí, no interior de São Paulo, protestaram contra o uso do livro “Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”. Segundo eles, o conto “Obscenidades para uma dona de casa”, de Ignácio de Loyola Brandão, usa “linguagem chula” para descrever atos sexuais narrados em cartas recebidas por uma dona de casa. Ainda em agosto, mais uma polêmica. Desta vez por causa do livro “Teresa, Que Esperava as Uvas”, de Monique Revillion, também destinado ao ensino médio. No conto “Os primeiros que chegaram” a autora descreve um sequestro com estupro e assassinato.

É bastante diferente quando a tentativa de censurar a literatura parte de pais ou pedagogos – indivíduos, portanto – e quando é encampada por um órgão que tem a tarefa de pensar a educação brasileira e ajudar a aprimorá-la com suas análises e recomendações. A má qualidade da educação na rede pública, como todos sabemos, é uma das maiores, senão a maior tragédia nacional. Entre as causas da indigência educacional brasileira está o fato de que os brasileiros leem pouco ou nada leem. Boa parte deles porque não tem acesso a bibliotecas, triste realidade que os programas governamentais têm tentado mudar com menos empenho do que seria necessário.


Quando soube das tentativas de censura, minha primeira reação foi rir. Era tão absurdo que parecia mesmo piada. Percebi então que enquanto nós rimos, eles proíbem. Esta última polêmica atingiu uma repercussão tão grande, capaz de fazer o ministro Fernando Haddad manifestar-se pedindo uma revisão do parecer, apenas por tratar-se de Monteiro Lobato, um autor consagrado. Quem teve a sorte de conhecer Tia Nastácia, Dona Benta, Pedrinho, Narizinho, Emília e todos os habitantes do Sítio do Picapau Amarelo deve ao autor uma das partes mais saborosas de sua infância. Tão deliciosa quanto os bolinhos da Tia Nastácia, aliás. Nos outros dois casos, os protestos e a repercussão tiveram um volume menor.

É assim que o autoritarismo vai se insinuando em nossas vidas, pelas bordas. Vai nos comendo aos poucos e um dia se instala em nosso cotidiano como se fosse um dado da natureza. Acontece quando a equipe responsável pela seleção dos livros depara com um conteúdo que já provocou polêmica antes e, para se poupar de problemas, acaba optando por uma obra mais palatável. Pronto, o livro em questão, apesar de sua reconhecida qualidade, jamais chegará às bibliotecas. Ou quando o professor na sala de aula, que já é criticado por quase tudo, prefere abster-se do risco. Em vez de escolher o melhor livro, opta por aquele que não causará a reação raivosa de nenhum pai ou mesmo uma discussão acalorada na classe. Pronto, os alunos só terão acesso a textos que nada provocam. Ou ainda quando algum escritor começa a se policiar nos termos que usa e nos temas que aborda para ter alguma chance de ser selecionado pelos programas de governo. É assim, muito mais pelo que não é dito, pelos caminhos subjetivos, que a vida se empobrece e o controle se instaura.

A História nos mostra que censurar livros e controlar o que é escrito estão entre os primeiros atos de regimes autoritários. Vale a pena revisitar a obra de Ray Bradbury, “Fahrenheit 451”, um pequeno livro essencial que possivelmente o CNE não aprovaria.

Nas democracias, o autoritarismo costuma vir embalado no discurso do bem. Que é, de longe, o mais insidioso e difícil de identificar. Se o CNE afirma que Tia Nastácia é tratada de modo preconceituoso, como vamos nos posicionar contra a eliminação de algo tão abjeto como o racismo sem nos sentirmos boçais? Só mesmo porque o autor se chama Monteiro Lobato. Mas e se fosse um escritor menos conhecido, ainda que brilhante? Será que tantos teriam a coragem de defender a sua obra?

É preciso dizer que o CNE nega ter cometido qualquer ato de censura da obra de Monteiro Lobato. Ele apenas “recomenda” que todas as obras com “preconceitos e estereótipos”, como “Caçadas de Pedrinho”, não sejam compradas nem distribuídas pelos governos. Para o CNE, isto não é banimento. No caso de clássicos como os livros de Monteiro Lobato, se insistirem em usá-los nas salas de aula, o CNE sugere que seja feita uma nota explicativa alertando para seus pecados. Interpretar esta recomendação bem intencionada como uma tentativa de censura seria apenas mais uma das incontáveis “manipulações da imprensa”.

Entre os argumentos utilizados para defender o parecer está o de que os professores da rede pública não teriam preparo para discutir uma questão complexa como o racismo. Ou para contextualizar a época de Monteiro Lobato assim como o Brasil que ele retrata. Surpreende-me que nenhum professor tenha se manifestado contra uma generalização que poderia ser interpretada como preconceito. Mas, supondo por um momento que esta afirmação esteja correta, a saída seria banir todos os conteúdos que hoje são mal trabalhados nas salas de aula, de Monteiro Lobato à equação de segundo grau?

Neste mesmo rumo, acreditar que as crianças, por lerem “Caçadas de Pedrinho”, começariam a discriminar os negros nas ruas é no mínimo subestimá-las. É preocupante perceber que pessoas responsáveis por pensar e aprimorar a educação brasileira possam enxergar as crianças como meros receptáculos, vazios e passivos, sem capacidade de fazer relações, inferências e mediações. Se aceitarmos o argumento de que Tia Nastácia tem um tratamento racista na obra, sob os olhos de hoje e não da época de Monteiro Lobato, a atitude de um bom educador deveria ser a de calar as contradições e eliminar a oportunidade de debate?

Eu, que tive a sorte de ler toda a obra de Monteiro Lobato entre os 8 e os 9 anos e incrivelmente não me tornei racista, gostaria de dizer aos membros do CNE que mesmo a sua interpretação da personagem Tia Nastácia é pobre. Bem pobre. Mas a Academia Brasileira de Letras disse isso de uma forma muito melhor do que eu faria. Transcrevo aqui parte da manifestação da ABL, contrária ao parecer do CNE:

“Um bom leitor de Monteiro Lobato sabe que tia Nastácia encarna a divindade criadora, dentro do sítio do Picapau Amarelo. Ela é quem cria Emília, de uns trapos. Ela é quem cria o Visconde, de uma espiga de milho. Ela é quem cria João Faz-de-conta, de um pedaço de pau. Ela é quem “cura” os personagens com suas costuras ou remendos. Ela é quem conta as histórias tradicionais, quem faz os bolinhos. Ela é a escolhida para ficar no céu com São Jorge. Se há quem se refira a ela como ex-escrava e negra, é porque essa era a cor dela e essa era a realidade dos afrodescendentes no Brasil dessa época. Não é um insulto, é a triste constatação de uma vergonhosa realidade histórica.

Em vez de proibir as crianças de saber disso, seria muito melhor que os responsáveis pela educação estimulassem uma leitura crítica por parte dos alunos. Mostrassem como nascem e se constroem preconceitos, se acharem que é o caso. Sugerissem que se pesquise a herança dessas atitudes na sociedade contemporânea, se quiserem. Propusessem que se analise a legislação que busca coibir tais práticas. Ou o que mais a criatividade pedagógica indicar.

Mas para tal, é necessário que os professores e os formuladores de políticas educacionais tenham lido a obra infantil de Lobato e estejam familiarizados com ela. Então saberiam que esses livros são motivo de orgulho para uma cultura. E que muito poucos personagens de livros infantis pelo mundo afora são dotados da irreverência de Emília ou de sua independência de pensamento. Raros autores estimulam tanto os leitores a pensar por conta própria quanto Lobato, inclusive para discordar dele. Dispensá-lo sumariamente é um desperdício.

A obra de Monteiro Lobato, em sua Integridade, faz parte do patrimônio cultural brasileiro”.

A única parte boa desta tentativa de censura foi me dar uma excelente desculpa para reler “Caçadas de Pedrinho” (Editora Globo) aos 44 anos e renovar minha gratidão a Monteiro Lobato pelo tanto de imaginação que me deu. Assim como comprar “Os cem melhores contos brasileiros” (Objetiva) para ler o texto de Ignácio de Loyola Brandão que provocou furor no interior de São Paulo. E de quebra ler Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Machado de Assis, Mário de Andrade, Nélida Piñon, Lygia Fagundes Telles, Hilda Hilst, Carlos Drummond de Andrade, Raduan Nassar, Moacyr Scliar, Caio Fernando Abreu, João Ubaldo Ribeiro e todos os grandes da literatura brasileira que fazem parte da coletânea. Banir tal livro das escolas? Por favor, não!

O conto de Ignácio de Loyola Brandão é excelente. Ótimo mesmo. Quando li a notícia de que alguns pais e estudantes queriam proibi-lo por usar “linguagem chula” na descrição de atos sexuais, estranhei. Afinal, tratava-se de adolescentes do terceiro ano do ensino médio, na faixa dos 17 anos. Neste mundo. Nesta época. Será que não seriam capazes de lidar com isso? Parece-me que, se não conseguem lidar com isso, então sim temos um problema.

Foi só ao ler o conto que formulei minha própria hipótese sobre a razão de tanto incômodo. Eu arriscaria dizer que o que pode ter perturbado estes pais e estes filhos é uma outra realidade que o conto desnuda, esta sem “linguagem chula”, com a qual muitos podem se identificar. Quem ler o conto, talvez concorde comigo. É verdade que é sempre mais fácil proibir aquilo que nos produz incômodo do que olhar para dentro e tentar compreender com honestidade os nossos porquês. Perturbar, incomodar e até transtornar o leitor, em minha opinião, são qualidades num texto.

Não encontrei o “Teresa, que esperava as uvas” (Geração Editorial), de Monique Revillion. Infelizmente. Pelo que li nos jornais, o conto da discórdia chocava pela crueza da descrição da violência. De novo, o livro era usado como material de apoio para estudantes do ensino médio, com idades a partir de 15 anos. Houve quem acreditasse, com bastante estardalhaço, que os adolescentes não seriam capazes de lidar com temas como a violência urbana e a sexual. Não compreendo como não ocorreu a estas mentes privilegiadas proibir logo todo o noticiário, que nem mesmo pode alegar em sua defesa que é ficção. Que os jornais e revistas sejam vendidos nos fundos das bancas, junto com os filmes pornôs.

Tudo isso – sempre – em nome do bem. Com as melhores intenções.

Sou filha de professores de português e literatura que dedicaram boa parte da vida a dar aulas na rede pública. Meus pais, que me ensinaram a amar os livros, se esforçaram muito para que tivéssemos uma biblioteca em casa. Na minha família as roupas eram remendadas e herdadas dos primos mais velhos. Se sobrava algum dinheiro era sempre para livros, para a educação. Numa cidade pobre em bibliotecas e com bibliotecas pobres, a nossa era uma das melhores. E foi lá que amigos meus e de meus irmãos, assim como alunos dos meus pais, se serviam livremente das letras. Volta e meia encontro alguém que me interrompe o passo na rua para me dizer que a biblioteca da minha casa foi fundamental na sua vida.

Devo a esta lucidez e a esta biblioteca boa parte do que sou e consegui fazer de mim. Assim como a Lili Lohmann, a moça da livraria cuja história já contei aqui. Nunca, em nenhum momento, nem meus pais nem Lili dificultaram o acesso a um livro. Eu lia o que bem entendia porque eles sabiam que esta busca pertencia a mim, era determinada pelos meus anseios e pelos meus incômodos, pela minha curiosidade que só aumentava. A viagem da literatura é talvez a travessia mais fascinante, importante e – ainda bem – sem fim da minha vida.

Eu era criança e já intuía que a literatura era o território do indizível. Nela cabia tudo o que era humano. Mesmo o feio, o brutal. Mesmo a covardia, a inveja, os sentimentos todos que a gente prefere dizer que não sente. A literatura, como as várias manifestações da arte, é o não-lugar geográfico onde podemos lidar com nossos demônios sem que eles nos devorem. A literatura só é literatura se incontrolável.

Tenho medo que os bem intencionados do politicamente correto inventem a maior ficção de todas, que é um homem sem conflitos, sem pequenezas e sem contradições. E então a literatura, que não será mais literatura porque deixará de estar encarnada na vida, ficará reduzida a uma casca vazia e sem ressonância onde não nos reconheceremos. Porque se estes iluminados se decidirem a revisar a literatura sob a ótica do que é politicamente correto nesta época, podem começar a alimentar sua fogueira com a Odisséia de Homero. E dali em diante não sobra nada. Em sua sanha não devem se esquecer de incluir a Bíblia – aliás, como ainda não pensaram nisso?

É sério, muito sério. E nenhum de nós deve se omitir quando tentarem arrancar o cachimbo do Saci Pererê ou submeter as bruxas dos contos de fadas a um tratamento a laser para eliminação das verrugas. Sobre isso sugiro ler “Saci sem cachimbo, lobo sem dentes e gente sem pensamento”. Percebam bem quantos absurdos nos assediam, nas mais variadas instâncias, em nome do bem. Estamos conseguindo resistir, mais ou menos, e até colecionamos algumas vitórias parciais, como a reversão da censura ao humor nestas eleições. Mas é preciso se manter vigilante nesta luta de resistência.

Não sei o que pensam vocês. Mas eu, quando vejo aquelas pessoas com seu par de olhos angelicais, anunciando que ainda que seja contra a minha vontade estão fazendo o que fazem para o meu bem, não hesito. Corro.

Fonte: Revista Época

sábado, 20 de novembro de 2010

Assim Falou Zaratustra

Friedrich Nietzsche ( 1844 – 1900)

Se desenharmos um Diagrama  de Venn dos Filósofos, Nietzsche ocupará uma estranha posição na interseção das áreas: a dos filósofos que são alemães, não convencionais, influentes, ultrajantes, difíceis e incrivelmente legíveis. Ele é toda essas coisas, mas é o fato de ser um excelente estilista que explica grande parte da constante atração por seus escritos.
Quando analisando seu maior trabalho Assim Falou Zaratustra, Nietzsche afirma que o mesmo  contem toda sua filosofia.
O livro começa como Zaratustra, uma espécie de profeta, meditando no topo de uma montanha. Ele passou dez anos em isolamento e reflexão, na companhia apenas de sua águia, símbolo do orgulho, e de sua serpente, símbolo da sabedoria. Ele decide descer da montanha e ensinar a sabedoria que conseguiu adquirir. Zaratustra, então, encontra um santo, vários habitantes da cidade, um equilibrista de corda bamba, e por fim um asno que parece ser objeto de adoração de algumas pessoas humildes e confusas.
Zaratustra conversa algumas vezes com aqueles que os cercam e a outras consigo mesmo, mas, não importa quem ele encontre, ninguém está  preparado para suas informações.
O que o livro analisa na primeira parte que traz a idéia de que os indivíduos  não podem esperar nesta vida nenhuma ajuda de Deus ou sobrenatural; em um sentido literal, nossos destinos estão em nossas próprias mãos. A segunda parte dá inicio à abordagem de  Nietzsche ao Super-Homem, bem como à vontade de poder. A terceira engloba uma discussão sobre o eterno retorno. E a última o entendimento de que apenas um parte de aceitação dos ensinamentos de Zaratustra são compreendidos....
Vale a pena ler o Livro: Assim Falou Zaratustra

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Sociedade Lunar

Na segunda metade do século 18, os maiores cientistas da Inglaterra se juntaram na Sociedade Lunar, fazendo descobertas que deram o pontapé inicial na Revolução Industrial
por Reinaldo José Lopes

Todos os meses, nos domingos de lua cheia, um grupo de amigos costumava se reunir em Birmingham, na Inglaterra, para beber quantidades colossais de vinho e bater papo. Depois do jantar – que acontecia às 2h da tarde, como era comum no século 18 –, os colegas mandavam limpar a mesa e mostravam por que os animados encontros do grupo, conhecido como a Sociedade Lunar, entraram para a história. Entre uma piada e outra, eles manejavam microscópios e aparelhos elétricos, debatiam como construir uma carruagem movida a vapor ou erguer um balão pelos ares. E, como dinheiro nunca fez mal a ninguém, pensavam em enriquecer e compensar o esforço de suas pesquisas. Assim, ajudaram a criar a chamada Revolução Industrial e o mundo no qual todos nós vivemos hoje.

A lista dos “lunáticos” de Birmingham parece uma reunião dos “10 mais” da ciência no século 18. Temos o engenheiro James Watt, que aperfeiçoou as máquinas a vapor; Joseph Priestley, químico descobridor do oxigênio; o médico Erasmus Darwin, avô de Charles e, como o neto, autor de uma revolucionária teoria sobre a evolução dos seres vivos. O lado empresarial era representado por Matthew Boulton e Josiah Wedgwood, dois protótipos de industrial sempre prontos a usar os experimentos dos amigos para criar produtos inovadores. Havia ainda Richard Lovell Edgeworth e Thomas Day, jovens idealistas que queriam usar o avanço da ciência para melhorar a sociedade.

Por um lado, a Sociedade Lunar tem uma cara contemporânea, afinal tinha um faro dos mais apurados para transformar seus achados em lucro, coisa que ainda é um problema para muito cientista por aí. Por outro, o grupo é fruto de uma época em que a ciência (aliás, filosofia natural, já que a palavra “cientista” ainda não existia) era quase uma arte, praticada por amadores talentosos que iam da zoologia para a mecânica sem a menor dificuldade.

Esse bando de cientistas-empreendedores só podia ter se formado mesmo na Inglaterra do século 18, um país que parecia estar voltado para o futuro. Fazia tempo, por exemplo, que o lugar tinha deixado de ser uma monarquia absoluta e caminhava para o parlamentarismo. Brigando com a França pelo controle da Índia e da América do Norte, os ingleses levavam a guerra e o comércio de Sua Majestade aos recantos mais obscuros do planeta. Teóricos como Adam Smith, o pai do liberalismo econômico, falavam em abrir fronteiras e diminuir tarifas como o melhor meio de garantir prosperidade para todos.

O ambiente de grandes avanços e confiança no futuro se refletia também na ciência. O sucesso de Isaac Newton e de sua teoria sobre a gravidade fez da filosofia natural um assunto popular. Todo cavalheiro que se prezasse devia mostrar um certo interesse em relação às novas descobertas. Faziam muito sucesso pequenos shows científicos, como dissecações públicas ou demonstrações dos poderes da eletricidade.

Nesse clima, as Midlands Ocidentais, região da Inglaterra onde ficava Birmingham e lar dos principais membros da Sociedade Lunar, começaram a prosperar como nunca. Darwin, Boulton e Wedgwood descendiam de pequenos proprietários de terra da área, plebeus, mas com algumas posses. Graças às novas necessidades do mercado interno e internacional, Birmingham estava virando um grande centro manufatureiro, produzindo principalmente artigos de metal e cerâmica para os ricos e para a classe média européia. Foi para aproveitar essas oportunidades que Boulton tornou-se “fabricante de brinquedos” (na verdade, o termo se aplicava também à manufatura de uma série de pequenos objetos em metal, como botões e fivelas de cintos e calçados), enquanto Wedgwood seguiu a tradição da família e aprendeu a profissão de oleiro.

Assim como a dupla, boa parte dos empreendedores das Midlands pertencia a seitas protestantes como os quakers, os batistas e os metodistas, que desafiavam a religião oficial da Inglaterra (o anglicanismo) e, por isso mesmo, eram impedidos de ocupar os principais cargos públicos. Conhecidos como não-conformistas ou dissidentes, eles transformaram a discriminação em vantagem ao se tornarem grandes homens de negócios e se dedicarem aos problemas mais avançados da ciência e da filosofia, livres das restrições que o anglicanismo tradicional muitas vezes impunha.

Mais ao norte, as cidades escocesas passavam por um boom parecido com o de Birmingham graças ao comércio fluvial e marítimo, e foi graças a esse processo que as primeiras conexões entre os membros da Sociedade Lunar começaram a ser forjadas. O jovem Erasmus Darwin, filho de um advogado e dono de terras, tinha sido mandado para a Universidade de Cambridge em 1750, para se formar em medicina, mas logo descobriu que a instituição era um bocado antiquada. O melhor jeito de conseguir boa formação era ir a Edimburgo, capital da Escócia, cuja universidade era bem mais aberta às novas teorias – e aceitava alunos e professores não-conformistas.

Erasmus era uma figura: alto, com o rosto marcado por cicatrizes de varíola, falava pelos cotovelos (apesar de gaguejar freneticamente) e já demonstrava certa tendência à obesidade – na idade madura, as mesas onde ele sentava precisavam ter um buraco em semicírculo para acomodar sua avantajada barriga. Como qualquer universitário, vivia atrás de um rabo de saia e enchia a cara nas tavernas de Edimburgo. Mas também se mostrava um aluno brilhante, capaz de absorver modernas teorias sobre o funcionamento do organismo humano e de misturar a paixão pelos experimentos com talento para a poesia.

Depois de formado, Darwin se fixou na pequena e aristocrática cidade de Lichfield, a uns 20 quilômetros de Birmingham. Atendia pacientes por toda a região, sacolejando pelas péssimas estradas em carruagens que ele mesmo tentava aperfeiçoar. Graças a essas jornadas, tornou-se amigo de Boulton, ao cuidar de membros da família da mulher dele, os Robinson, e logo conheceu também Wedgwood. O trio trocava cartas sem parar, discutindo experimentos de todo tipo, principalmente envolvendo química, eletricidade e geração de energia.

Além do interesse científico, Boulton e Wedgwood eram pioneiros na organização de seus negócios. O primeiro resolveu concentrar todas as suas operações na Manufatura Soho, criando uma espécie de bisavó das linhas de montagem (antes, cada etapa do processo de fabricação era feita numa oficina diferente). Já Wedgwood tinha faro de marqueteiro: seduziu a família real com seus vasos de cerâmica fina e conseguiu o direito de ostentar o título de “Oleiro da Rainha” – propaganda melhor, impossível. Para criar produtos melhores e mais ao gosto do público, os dois aproveitavam as descobertas da química e da geologia – foi graças a elas que a caríssima porcelana chinesa conseguiu ser reproduzida por fabricantes europeus.

Nada mais distante de uma ciência exata do que a química praticada pelos “lunáticos” e seus contemporâneos. “Para eles, o que mais importava não era o conhecimento teórico, mas o experimental”, afirma Ursula Klein, do Instituto Max Planck de História da Ciência, na Alemanha. “O equipamento deles não era muito diferente do usado pelos boticários, pelos ourives ou nas destilarias da época.” Para se ter uma idéia, conta-se que o alemão Andreas Sigismund Marggraf conseguiu purificar pela primeira vez o ácido fórmico destilando 24 onças (cerca de 680 gramas) de formigas até verificar a formação de cristais.

Foram esses experimentos que ajudaram a fortalecer as conexões do grupo das Midlands com colegas mais ao norte, como James Watt, um especialista em instrumentos de precisão e químico entusiasta, e Joseph Priestley. O segundo era ao mesmo tempo um mestre do laboratório e um visionário político e religioso. Pastor não-conformista, Priestley dizia que Jesus havia sido apenas um homem de grandes qualidades morais, e defendia que as descobertas da ciência deviam ser acessíveis a todos, para que a sociedade pudesse progredir e as autoridades injustas fossem substituídas por um governo do povo.

Nos anos 1770, Priestley estava às voltas com os gases que escapavam das rochas e minerais, uma das grandes novidades da época. As rochas calcárias, por exemplo, liberavam dióxido de carbono (CO2), e o pastor criou a primeira água mineral com gás da história ao misturar a substância ao líquido. Mas a sua descoberta mais importante veio quando ele aqueceu óxido de mercúrio com a ajuda de uma lupa que concentrava os raios do Sol e conseguiu capturar o gás liberado. Nas suas próprias palavras: “Peguei um camundongo e o coloquei num recipiente de vidro, contendo duas onças do ar das calcinações de mercúrio. Se fosse ar comum, ele teria vivido um quarto de hora. Neste ar, contudo, viveu meia hora”. Priestley tinha descoberto o oxigênio. A publicação de seus resultados fez com que ficasse conhecido pelos membros da Sociedade Lunar. Ele se juntou ao grupo quando se mudou para os arredores de Birmingham em 1780.

Nesse meio-tempo, Watt já se tornara um membro ao virar sócio de Boulton. Fazia uma década que o engenheiro escocês, sujeito talentoso, mas pessimista e completamente hipocondríaco, tentava aperfeiçoar as máquinas a vapor rudimentares da época. Por ora, suas tentativas tinham esbarrado em uma série de problemas técnicos e, para piorar, seu principal financiador, John Roebuck, foi à bancarrota em 1774. Contudo, Watt já tinha o mais importante – uma patente que lhe garantia o pagamento de royalties por qualquer motor que utilizasse os princípios que inventara. Boulton, que já o conhecia, percebeu o potencial daquilo e convenceu o desesperado Watt a se mudar para Birmingham.

Demorou um pouco, mas a parceria fez sucesso. O aparelho aperfeiçoado por Watt consumia menos carvão e era quatro vezes mais potente que o modelo mais comum da época. Como as locomotivas ainda iam levar quase meio século para ser inventadas, a principal utilidade do engenho era drenar água das minas de carvão e cobre, que freqüentemente eram inundadas e ficavam inacessíveis. Watt e Boulton fizeram fortuna vendendo suas engenhocas para a indústria mineira. Sempre marqueteiro, Boulton declarou certa vez a um visitante de sua manufatura: “Eu vendo aqui, meu senhor, o que o mundo inteiro deseja conseguir: poder”.

Tudo parecia caminhar às mil maravilhas. As reuniões, que já aconteciam havia alguns anos, foram semi-oficializadas a partir de 1775, embora fosse raro que todos os membros participassem. “Nos encontros, eles funcionavam como um pequeno grupo de pesquisa de alto nível”, diz a escritora britânica Jenny Uglow, autora de The Lunar Men, (“Os Lunáticos”, inédito em português) uma biografia coletiva da Sociedade Lunar. Além de Priestley, o grupo tinha outros dois teóricos políticos e sociais, Richard Edgeworth e Thomas Day. A dupla se inspirava nas idéias do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, para quem os seres humanos eram naturalmente bons – a sociedade é que os corrompia. Day chegou a colocar esse ideal em prática escrevendo o primeiro livro infantil da Inglaterra e tentando transformar uma órfã na esposa ideal aplicando a educação à la Rousseau.

Daí a apoiar idéias democráticas consideradas radicais era um pulo. Por isso, muitos dos membros festejaram a Revolução Francesa, em 1789, que primeiro restringiu os poderes do rei Luís XVI e depois acabou decapitando o soberano. É claro que o governo inglês não via com bons olhos esse radicalismo, em especial o de Priestley, um dos maiores defensores do governo francês. Por baixo dos panos, as autoridades de Birmingham – em especial o clero anglicano – estimularam ataques de arruaceiros contra a casa do pastor “subversivo” e de outros membros da sociedade, como William Withering, em 1791.

Priestley teve de fugir da cidade e acabou emigrando para os Estados Unidos, independentes desde 1776. Depois de sua partida, os encontros nunca mais foram os mesmos, com os membros cada vez mais preocupados com a situação política (e tentando salvar os próprios pescoços). Na virada do século, os encontros praticamente tinham parado, e a nova geração olhava com desconfiança para os experimentos malucos e idéias radicais dos “lunáticos”. Não que isso importasse muito: nas fábricas, máquinas e objetos do século 19, era clara a marca deixada pela Sociedade Lunar.



Vovô Darwin e a origem das espécies

Avô de Charles tinha suas próprias idéias sobre a evolução

Erasmus Darwin pode não ter descoberto um mecanismo tão claro quanto a seleção natural, como seu neto Charles faria décadas mais tarde, mas o médico fez uma série de observações clarividentes sobre a evolução dos seres vivos. Inspirado por Carl von Linné, o botânico sueco que criou a nomenclatura usada ainda hoje para designar animais e plantas (como o nome duplo Homo sapiens atribuído ao homem), Erasmus se tornou um grande observador dos vegetais. Em seu livro The Loves of Plants (“Os Amores das Plantas”), ele reuniu seus achados numa mistura curiosa de versos shakespearianos e notas em prosa. Nessa obra e nas seguintes, como The Temple of Nature (“O Templo da Natureza”), Darwin destaca a importância do sexo para as formas e o comportamento dos seres vivos, um ponto que seria confirmado pelos futuros biólogos evolutivos. Seus escritos estão cheios de metáforas libidinosas, em que até as plantas vivem encontros amorosos, adultérios e poligamia. E ele cogita que todos os animais descendem de um único ancestral, um “filamento vivo” – outro chute bem-dado que os paleontólogos e geneticistas iriam provar mais tarde. Assim como seu descendente, Erasmus despertou a ira de alguns religiosos com suas idéias. Brincando com fogo, ele pegou o brasão da família Darwin (formado por três conchas) e adicionou a ele o lema em latim E conchis omnia (“tudo deriva das conchas”), como exemplo de sua idéia do ancestral comum. Thomas Seward, o bispo de Lichfield, ficou fulo da vida com a idéia e compôs um ou dois versos satíricos desancando Darwin. Erasmus acabou desistindo do gesto e retirou a frase do escudo da família.


Receita de esposa

Thomas Day acreditava que poderia criar a mulher ideal

O prêmio de radicalismo filosófico certamente é de um dos mais jovens membros da Sociedade Lunar, Thomas Day. Inspirado pelas idéias de Rousseau e decidido a criar para si mesmo a esposa ideal – “com gosto pela literatura e pela ciência” e ao mesmo tempo “simples como uma montanhesa e destemida e intrépida como as mulheres espartanas” –, Day adotou duas garotas, uma morena de 11 anos e uma loura de 12, e passou a criá-las. A que se saísse melhor nos quesitos acima viraria sua companheira. Desnecessário dizer que a idéia foi um fracasso. Decidido a começar do zero na sua tarefa educativa, Day começou rebatizando as ninfetas, dando à lourinha o nome de Lucretia, e à morena, o de Sabrina. Levou a dupla para uma viagem filosófica pela França, mas elas acabaram ficando doentes e, ainda por cima, a brigar pela atenção do filósofo como duas autênticas aborrescentes. Na volta à Inglaterra, Day logo desistiu de Lucretia, que recebeu um dote e se casou com um tecelão. A outra, Sabrina, tinha se tornado uma beldade, segundo os relatos da época, e causou sensação entre os intelectuais das Midlands. Mas a moça não passou nos testes “espartanos” do filósofo. Um deles incluía não gritar quando ele derrubava cera quente nas mãos dela. Em outro, Day fingiu confessar à Sabrina que sua vida estava em grave perigo e que ela não podia contar o fato a ninguém (no dia seguinte, todos os amigos e criados do filósofo já estavam sabendo). No fim, ela acabou se casando com John Bicknell, amigo de seu ex-tutor. Essa não foi a última das excentricidades amorosas de Day. Ao apaixonar-se pela refinada Elizabeth Sneyd, que não queria nem ouvir falar das pataquadas espartanas dele, o filósofo decidiu passar um ano na França aprendendo a última moda da época sobre dança, cortesia e roupas. Não adiantou muito: Elizabeth decidiu que preferia o Day antigo, embora ainda não quisesse se casar com ele. Mais tarde, o filósofo finalmente achou uma companheira, Esther Milnes, que topou seguir seus ideais linha-dura.



Saiba mais

Livro

The Lunar Men, Jenny Uglow, Farrar, Straus and Giroux, 2004 - Uma enciclopédia sobre os “lunáticos” e sua época, acompanhando a trajetória de dezenas de personagens e sua relação com os eventos mais importantes do século 18.



Site

http://www.erasmusdarwin.org/ - Para os interessados em conhecer como os “lunáticos” viviam, vale a pena visitar virtualmente as casas de Erasmus Darwin e Matthew Boulton, ainda preservadas em Lichfield e Birmingham

Revista Aventuras na Historia

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

"Hoje a cultura é um castelo de areia", afirma Vargas Llosa no RS

Ganhador do Nobel de Literatura participou de conferência em Porto Alegre

                                                Alexandre Haubrich, iG Porto Alegre - 15/10/2010 09:40


Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, o escritor peruano Mario Vargas Llosa foi aplaudido de pé em sua entrada no palco do Salão de Atos da UFRGS, em Porto Alegre. Para uma plateia que lotou o grande espaço do salão, Vargas Llosa leu seu “Breve discurso sobre cultura” e arrancou algumas risadas e muitas balançadas de cabeça afirmativas.

Durante mais de uma hora, o escritor peruano buscou mostrar ao público sua visão sobre a situação da cultura hoje. Fez críticas ao momento cultural e ao conceito de cultura que elimina hierarquias, que, bem intencionado, faz com que antropólogos, por exemplo, evitem falar em culturas superiores e inferiores.

Vargas Llosa disse que o conceito de cultura modificou-se com o passar das épocas, mas que a diferença entre cultos e incultos sempre esteve marcada, o que deixou de acontecer. Para ele, a “era da especialização” fez com que se perdesse a noção do todo, fundamental na construção cultural. Isso fez com que todos se tornassem cultos ao mesmo tempo que incultos, pois “tudo se tornou cultura, ao mesmo tempo em que tudo deixou de sê-la”.

Maio de 68 e o fim da autoridade
Em seguida, o escritor fez um apanhado dos descaminhos da noção de autoridade a partir de Maio de 68, e disse que a educação, fundamental para o fortalecimento da cultura, perdeu muito com isso. Afirmou que os professores perderam credibilidade e autoridade moral, enquanto o verdadeiro poder não sofreu arranhões com a ânsia libertária dos jovens franceses, que se espalhou pelo mundo. “A autoridade clássica, do saber e da moral, da credibilidade, praticamente acabou, mas o poder não foi atingido.”

Por fim, após criticar as especializações demasiadas, Llosa chegou à sua especialidade: a literatura. Aí mostrou-se mais entusiasmado, sua fala ganhou mais força, e defendeu vigorosamente uma literatura em constante diálogo com a realidade. Afirmou que a literatura pode ser paixão, poesia, pensamento, reflexão, “mas não pode apartar-se da vida real, da vida vivida”.


Porém, Vargas Llosa não se mostrou otimista com esses caminhos. Principalmente, não se mostrou contente com o que vê no momento. Com tudo se dissolvendo na pós-modernidade, com as culturas perdendo suas formas de afirmação, com as especializações chegando ao extremo de ignorar as interações, a literatura parece, para ele, ir pelo mesmo caminho, em direção a uma realidade paralela.
Llosa acredita que a cultura traça uma rota desviada. Disse que hoje “a cultura é um vistoso, mas frágil castelo de areia, que se desfaz ao primeiro golpe do vento”. Porém, ressaltou, é o homem quem constrói a história que vive e viverá.

João Joaquim de Melo Neto Segundo : Bancos comunitários - Le Monde Diplomatique Brasil

João Joaquim de Melo Neto Segundo : Bancos comunitários - Le Monde Diplomatique Brasil

Rede de Pedofilia no Pará

Com grande torcida e na expectativa que as investigações da Rede de Pedofilia no Estado do Pará, comandada por instituições importantes a nível nacional...Conclua o inquérito que vai levar muita gente poderosa e,  algumas metidas a "Machão" para o Xadrez....

Estamos só na ilharga, observando...  aguardando o desfecho...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Os extremos opostos do IDH 2010

Matéria do Congresso em Foco  que retratata que o IDH ainda continua mostrando as grandes desigualdades, um grande problema para o século XXI.

“Fica aqui comprovado uma vez mais que existem, indubitavelmente, dois ou mais mundos diametralmente opostos - o dos ricos e o dos pobres”

Paulo Galvão Júnior*
Marcus Eduardo de Oliveira**



O tema aqui trabalhado foca os extremos opostos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); estudo este embasado nos dados do Relatório do Desenvolvimento Humano 2010, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Organização das Nações Unidas (ONU), que procura mensurar o grau de desenvolvimento humano dos países levando-se em consideração três diferentes combinações: 1. Uma vida longa e saudável: envolvendo a esperança de vida ao nascer; 2. O acesso ao conhecimento: envolvendo os anos médios de estudo e anos esperados de escolaridade; e, por fim, 3. Um padrão de vida decente: observando o comportamento do Rendimento Nacional Bruto per capita, pela paridade do poder de compra (PPC).

O IDH varia entre 0 (pior situação) e 1 (melhor situação). A atual classificação do IDH pelo PNUD abrange quatro categorias de países: baixo desenvolvimento humano; médio desenvolvimento humano; alto desenvolvimento humano; e muito alto desenvolvimento humano.

Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano 2010 (2010, p.8), “O desenvolvimento humano não tem a ver apenas com saúde, educação e rendimento – tem também a ver com o envolvimento ativo das pessoas na definição do desenvolvimento, da equidade e da sustentabilidade, aspectos intrínsecos da liberdade de que desfrutam para conduzirem as vidas que têm motivos para valorizar”.

O Quadro 1, de forma breve, pontua alguns indicadores dos mais relevantes desse último Relatório do PNUD, destacando o melhor e o pior país em variáveis que vão da esperança de vida ao nascer ao Rendimento Nacional Bruto per capita.


Nesse ano de 2010, comemorando 20 anos de estudos realizados pelo PNUD, foram avaliados 169 países. O destaque fica por conta da Noruega: o melhor IDH do mundo, com índice de 0,938. O pior IDH ficou com o Zimbábue, com apenas 0,140; portanto, muito próximo de zero, evidenciando um elevado grau de desigualdade em termos de desenvolvimento humano, econômico e social. A diferença entre os dois extremos é da ordem de 0,798.

O que pode explicar tamanha diferença entre o melhor e o pior IDH? País membro da União Européia (UE), dona de uma economia baseada na produção de petróleo, de gás natural, de celulares e da pesca, a Noruega tem se destacado no aspecto econômico e social a partir de políticas bem definidas, priorizando a boa governança em termos do gasto público. As principais atividades industriais do país passam pelo processamento de alimentos, construção naval, metais, produtos químicos, mineração, produtos de papel e, como dissemos, a atividade pesqueira. Além disso, a Noruega conseguiu manter sua economia próxima ao modelo social escandinavo baseado na saúde universal, no ensino superior subsidiado (taxa de alfabetização de 99%), e em um regime compreensivo de previdência social. Na ponta final, exibe um Rendimento Nacional Bruto per capita de 58.810 dólares pelo critério PPC. Possui uma população da ordem de 4,8 milhões de habitantes (dados de 2009).

Já o Zimbábue (antiga Rodésia), é dono do pior IDH do planeta, apurado pelos estudos recentes do PNUD. País pobre, o Zimbábue, a muito custo, tem integrado as fileiras da União Africana (UA). Desde 1987, o presidente Robert Gabriel Mugabe decide tranquilo e soberano o destino dessa República. A população é de 12,5 milhões de habitantes (dados de 2009). A criação de gado bovino e a cultura do tabaco constituem as principais riquezas econômicas do país. Alguns anos atrás, o Zimbábue conviveu com uma combinação perversa na economia que, por pouco, não fez o país explodir: a inflação oficial, em 2008, disparou a 2.200.000% (dois milhões e duzentos mil por cento), a mais alta do mundo, e provocou, por consequência, escassez de alimentos e de moeda estrangeira. O dólar zimbabuano, na época, teve dez zeros removidos do valor monetário. Dez bilhões de dólares zimbabuanos, na ocasião, foram reduzidos para 1 dólar. Isso, por si só, evidencia o motivo principal do Zimbábue ocupar, nesse estudo recente, a última posição no ranking mundial do desenvolvimento humano.


Quanto a melhor esperança de vida ao nascer do mundo, essa marca honrosa fica com o Japão; são 83,2 anos. Nesse mesmo quesito, o Afeganistão tem a pior expectativa de vida ao nascer, com apenas 44,6 anos. Reparem que a diferença entre Japão e Afeganistão chega a quase 39 anos.

A população japonesa, com base em dados de 2009, é de 127,2 milhões de habitantes. O Japão, pela riqueza econômica que apresenta, integra as fileiras do Grupo dos Oito (G-8) e do Grupo dos Vinte (G-20) – grupo que congrega as principais economias do mundo. Esse país está em paz desde 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45). E não há nada melhor do que a paz para assegurar um tempo mais elevado na vida das pessoas; que o diga o filósofo francês Jean-Paul Sartre: “Quando os ricos fazem as guerras, são os pobres que morrem”.

Já o Afeganistão, nesse pormenor, vive momento diverso ao do Japão: o país está em guerra desde 1979, ano em que foi invadido pelos soldados e tanques da ex-União Soviética. As ruas de Cabul, capital do país, em pleno século XXI, mais se parecem com uma praça de guerra. Atualmente, estima-se em mais de cem mil soldados estrangeiros liderados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que ora ocupam os principais pontos desse país islâmico, com 28,2 milhões de habitantes (dados de 2009), numa tentativa frenética de lutar contra grupos rebeldes, leia-se: Taliban, destituído do poder em fins de 2001.


Em relação aos anos de estudos

Analisando os extremos opostos no indicador - anos médios de estudo -, observamos que o melhor país é a Noruega com 12,6 anos. Já o pior país, nesse quesito, é Moçambique, com apenas 1,2 ano médio de estudo. Na comparação exclusiva entre esse país europeu versus o país africano, a diferença é de gritantes 11,4 anos.

Chama nossa atenção nos dados apontados pelo PNUD a situação de Moçambique, país de economia pobre, integrante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Essa ex-colônia portuguesa tem elevada taxa de analfabetismo, quase 50% da população adulta, para uma população total de 22,9 milhões de habitantes (dados de 2009).

É forçoso ressaltar a melhor situação mundial no indicador anos esperados de escolaridade. Nesse aspecto, o primeiro lugar pertence à Austrália, com 20,5 anos. Integrante da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), a Austrália conta com 21,3 milhões de habitantes (dados de 2009). Já a pior situação nesse relevante indicador ficou com Níger, com apenas 4,3 anos. A diferença entre esses dois países chega a incríveis 16,2 anos.

Sobre Níger, é oportuno pontuar que essa dificuldade no setor de educação pode estar intimamente relacionada aos conflitos políticos que imperam nessa nação africana de 15,3 milhões de habitantes (dados de 2009). Militares tiraram do poder o presidente Mamadou Tandja, em fevereiro de 2010. O governo do Níger, desde então, passou para as mãos de Salou Djibo.

Em termos do indicador Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita, a melhor colocação no ranking mundial pertence a Liechtenstein com US$ 81.011 (dados de 2008). Enquanto o pior RNB per capita encontra-se com o Zimbábue (US$ 176). Ocupando os extremos opostos, a diferença entre esses países chega a US$ 80.835 PPC.

Ressaltamos, ademais, que o Principado de Liechtenstein é um dos menores países da Europa com apenas 160 km2. A população liechtensteinense é de apenas 36 mil habitantes (dados de 2008).
Por esses dados estatísticos, fica aqui comprovado uma vez mais que existem, indubitavelmente, dois ou mais mundos diametralmente opostos - o dos ricos e o dos pobres. Nesses casos, os extremos opostos são evidentes. As causas e os efeitos? Pobreza, miséria, corrupção, analfabetismo, má gestão pública, hiperinflação, ditadura e o não acesso aos serviços de educação e saúde de qualidade, elementos esses capazes de prolongar a vida dos mais necessitados.

É necessário, contudo, analisar os extremos opostos do IDH 2010 para possibilitar e potencializar a capacidade de mudança que urge, em vários lugares, caso a perspectiva seja aquela que todos anseiam: valorizar a vida para viver uma vida equilibrada e mais feliz.
Ainda de acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano 2010 (p. 9-10), nesse ínterim, é oportuno destacar que “(...) talvez o maior desafio à manutenção do progresso do desenvolvimento humano venha da insustentabilidade dos padrões de produção e consumo. Para que o desenvolvimento humano se torne verdadeiramente sustentável, a ligação íntima entre o crescimento econômico e as emissões de gases com efeito estufa tem de ser cortada. Alguns países desenvolvidos já começaram a atenuar os piores efeitos através da reciclagem e do investimento em infraestruturas e transportes públicos. Mas a maioria dos países em vias de desenvolvimento é entravada pelos elevados custos e pela baixa disponibilidade de energia limpa”.

Para efeito de melhor visualização de nossa situação, o Quadro 2, construído a partir do estudo aqui referenciado, destaca a posição brasileira.


Para finalizar, é mister salientar que o Brasil ocupa, como apontado no quadro, a 73ª posição no ranking mundial do IDH dentre 169 nações estudadas. Os dados que cabem ao Brasil mostram, na essência, um pouco dos desafios que esperam a próxima administração da presidenta Dilma Housseff, a partir de janeiro de 2011. Foge, no entanto, do escopo do corrente texto, uma opinião mais pormenorizada sobre os dados do Brasil no IDH, atualmente “classificado” como país emergente e de alto desenvolvimento humano. Essa análise mais detalhada é tarefa para um próximo artigo, a julgar a combinação de acontecimentos que decorrerão da atual “guerra cambial” que, ao que tudo indica, está apenas começando.



Referências Bibliográficas:
ALMANAQUE ABRIL 2010. AFEGANISTÃO. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.378-379.


_____________________. AUSTRÁLIA. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.395-396.


_____________________. JAPÃO. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.515-517.


_____________________. LIECHTENSTEIN. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, p.528.


_____________________. MOÇAMBIQUE. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.545-546.


_____________________. NÍGER. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.554.


_____________________. NORUEGA. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.556.


______________________. ZIMBÁBUE. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.626-627.

PNUD. Relatório do Desenvolvimento Humano 2010. A Verdadeira Riqueza das Nações: Vias para o Desenvolvimento Humano. Acesso em 06 de novembro de 2010.


*Economista, chefe da DPTI da SETUR da Prefeitura Municipal de João Pessoa e autor dos livros digitais de Economia “RBCAI” e “Reflexões Socioeconômicas”. Especialização em MBA Gestão de Recursos Humanos pela FATEC INTERNACIONAL.
**Economista brasileiro, especialista em Política Internacional e mestre pela USP. Autor dos livros “Conversando sobre Economia”, (Ed. Alínea), “Pensando como um Economista” (Ed. eBookBrasil) e “Provocações Econômicas” (no prelo). Professor de Economia da FAC-FITO e do UNIFIEO (ambos em São Paulo).







terça-feira, 16 de novembro de 2010

Os Governadores " Franciscanos "

Teotônio Vilela Filho (PSDB), de Alagoas, e Roseana Sarney (PMDB), do Maranhão, estão entre os governadores mais ricos do País

Os 27 governadores eleitos no mês passado declaram à Justiça Eleitoral uma fortuna de R$ 63,53 milhões em patrimônio pessoal. Na média, cada chefe de executivo estadual tem R$ 2,35 milhões em bens.
 
Levantamento feito na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra ainda que oito governadores eleitos apresentaram evolução patrimonial superior a 200% nos últimos anos. Neste caso, a líder é a governadora também reeleita do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Em 2006, a declaração dela listava 15 bens, mas informava apenas o valor depositado em seu fundo de previdência privada: R$ 172.734,71 - em valores corrigidos. Para esta eleição, Roseana apresentou declaração com 25 bens e valor total de R$ 7.838.530,34. O crescimento foi de 4.437,90% em quatro anos.
 
As Alagoas de Teotônio e o Maranhão de Roseana ocupam a 25.ª e a 26.ª posição, respectivamente, no ranking do Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos Estados, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dois Estados também estão nas duas últimas posições do ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que lista indicadores na área de Educação, renda e expectativa de vida.
 
Entre os governadores eleitos que tiveram expressiva evolução patrimonial, também destacam-se o de Rondônia, Confúcio Moura (PMDB), e o do Acre, Tião Viana (PT). Prefeito eleito de Ariquemes em 2008, Moura informou à Justiça Eleitoral na ocasião ter patrimônio de R$ 385.775,34, em valores atualizados. Agora, apresentou declaração de R$ 8.554.881,14. Crescimento de 2.117,58%. Quando se elegeu para o Senado em 2006, Viana disse ter patrimônio de R$ 28.794,65. Agora, passou para R$ 551.098,50, avanço de 1.813,89%.
 
Fonte: Agência Estado

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Plano Diretor Participativo : quatro anos com poucos avanços em Abaetetuba/Pa

Segue a integra da apresentação do Projeto de Lei  do Plano Diretor Participativo Abaetetuba encaminhada na época à câmara dos Vereadores e, aprovada por unanimidade. Em 2010 completa 04 anos de poucos avanços do que foi proposto como diretrizes de planejamento urbano e rural para um dos maiores municípios do Baixo Tocantins...

                         Abaetetuba, 22 de setembro de 2006


Encontro dos Municipos do Tocantins e Lideranças,  promovido pelo Conselho Estadual das Cidades  e o Conselho Municipal do Plano Diretor Abaetetuba- 2006

Srº Presidente, 
Srº Vereadores
 
 Apesar da enorme importância de que se reveste o momento para o município, este representa apenas o limiar de uma grande caminhada rumo à democratização do espaço de produção da cidadania: a grande casa (cidade), à qual usualmente chamamos de Município. “Essa cidade é fruto do trabalho de uma sociedade. Nela está materializada a história de um povo, suas relações sociais, políticas, econômicas e religiosas. Sua existência ao longo do tempo é determinada pela necessidade humana de se agregar, de se interrelacionar, de se organizar em torno do bem estar comum; de produzir e trocar bens e serviços; de criar cultura e arte; de manifestar sentimentos e anseios que só se concretizam na diversidade que a vida urbana proporciona. Todos buscamos a cidade mais justa e mais democrática, que possa, de alguma forma, responder à realização de nossos sonhos.”

Toda a luta que sempre compreendeu essa busca contínua por ideais de igualdade e equivalência, entre a população brasileira, teve reconhecimento precioso, textualmente expresso no conteúdo da Constituição de 1988. Já que, no capítulo relativo à Política Urbana, foi instituído o direito à cidade e criado, a partir de então, uma nova ordem chamada de função social da propriedade: o direito coletivo acima dos interesses individuais. Mais ainda: para regulamentar os artigos 182 e 183 da Carta Magna, foi promulgada em julho de 2.001 a Lei 10.257, mais conhecida Estatuto da Cidade, que estabelece uma série de instrumentos, que, sob diversas aspectos e categorias visam, em última análise, viabilizar o processo de democratização do espaço urbano.
Os documentos ora encaminhados compõem registros, sob a forma de relatórios, a respeito das Leitura Técnica e Comunitária da Realidade do Município do Abaetetuba, passo inicial para apreensão de informações, orientação e organização das idéias e propostas concretas, relativas ao Plano Diretor Municipal.
No primeiro, narra-se o processo de elaboração das reuniões comunitárias, seus resultados, sua sistematização e a elaboração do diagnóstico municipal e das propostas concernentes. Traz como anexo o resultado das reuniões comunitárias, o diagnóstico e as propostas resultantes.
No segundo, são abordados, sucintamente, os principais instrumentos de apoio técnico ao processo de elaboração das propostas, como os que tratam da disposição espacial: imagens de satélite e mapas temáticos. É finalizado com a descrição de reuniões de caráter técnico, que culminam com propostas concretas à elaboração do Plano Diretor.
Por fim, senhoras e senhores vereadores, peço a solidariedade e colaboração dessa augusta casa de Leis, no sentido de concretizarmos nosso projeto de Lei do Plano diretor Participativo de Abaetetuba que prioriza os interesses dos cidadãos  de Abaetetuba e, dessa forma, contempla também os objetivos de cada um dos senhores e senhoras eleitos com toda justiça pelo povo.

Encontros transformadores: Caco Barcellos e Ladislau Dowbor

sábado, 13 de novembro de 2010

TV diplomatique entrevista Ladislau Dowbor

A Revolução do Consumo

Territórios da Cidadania

58 cidades do Pará vão ganhar tratores do MDA



O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) selecionou 58 municípios do Pará que vão receber máquinas retroescavadeira dentro do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2). A relação dos municípios beneficiados no Estado foi publicada na edição desta sexta-feira (12) do Diário Oficial da União (DOU). Serão destinados para o Pará 58 retroescavadeiras.

Atualmente, o MDA está encaminhando o processo licitatório para a aquisição das máquinas que serão doadas às prefeituras selecionadas. Esta etapa deve ser concluída até o final deste ano. A entrega dos equipamentos está prevista para até o final do primeiro semestre de 2011.

A destinação de retroescavadeiras ou motoniveladoras tem como objetivo melhorar a infraestrutura e a recuperação de estradas vicinais para escoamento da produção e circulação de bens em municípios com até 50 mil habitantes. Em todo o Brasil foram selecionados 1.300 municípios.

O MDA recebeu no período de inscrições 4.176 propostas na modalidade individual, 50 na modalidade associações e nove na modalidade consórcios, totalizando 4.235 propostas válidas e em condições de habilitação no processo seletivo. Inicialmente estava prevista a seleção de mil municípios, mas o Comitê Gestor do PAC, reavaliando os limites desta ação e a grande quantidade de inscritos, decidiu ampliar os contemplados para 1.300.

Nesta etapa serão destinados R$ 270 milhões para a entrega de 1.274 retroescavadeiras e 13 motoniveladoras aos municípios selecionados. Outros R$ 630 milhões do Orçamento Geral da União serão aplicados nos processos seletivos a serem realizados nos exercícios de 2012/2014. Simultaneamente, está prevista outra etapa com recursos obtidos mediante financiamento, na ordem de R$ 900 milhões, que ainda será normatizada.


A seleção e divulgação dos municípios ocorreram de acordo com a metodologia utilizada pelo PAC. Foram considerados os seguintes critérios: a) pertencer ao Programa Territórios da Cidadania (quatro pontos); b) maior participação do PIB agrícola no PIB total do município (até três pontos); c) possuir maior extensão territorial (até três pontos); d) ter maior presença de agricultores familiares em relação ao total dos produtores rurais registrados no município (até quatro pontos); e e) distribuição mais equilibrada entre as regiões brasileiras

A lista completa dos municípios selecionados, em ordem alfabética e por região, está disponível para consulta no Diário Oficial da União e no portal do MDA. A consulta ao andamento da proposta de cada município (histórico) também está disponível no portal do Ministério. (As informações são do MDA)

Moenda de Abaetetuba





Mestre Cambota: uma homenagem ao grande Artesão de Miriti de Abaetetuba-Pa


Dos anais da história, duas fotografias imortalizadas por Geraldo Ramos em um dos momentos de trabalho do Grande Mestre Cambota. O Grande Artesão de miriti que imortalizou sua técnica, principalmente na confecção dos barcos de miriti.

Benedito Nunes recebe prêmio Jabuti em Teoria Crítica Literária

A primeira fase do 52º Prêmio Jabuti já foi concluída e comemorada pelos vencedores das 21 categorias da premiação. Uma delas é Teoria/Crítica Literária, cujo primeiro lugar é do paraense Benedito Nunes, com a obra A Clave do Poético. Editado pela Companhia das Letras e organizado por Victor Sales Pinheiro, o livro reúne uma série de ensaios sobre os pontos altos da produção de Benedito Nunes. A Clave do Poético - O crítico, filósofo e professor discorre nos ensaios sobre a filosofia de Nietzsche, Spinoza e Wittgenstein e vai até os mais recentes desenvolvimentos da literatura brasileira contemporânea.


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A Clave do Poético, prefaciada por Leyla Perrone-Moisés, divide-se em duas partes tematicamente orientadas. Na primeira, prevalece a investigação epistemológica e a historiografia literária. Em seguida, textos monográficos abordam alguns autores, como Carlos Drummond de Andrade, T. S. Eliot, Antônio Vieira e Clarice Lispector (cuja presença é lembrada numa histórica entrevista com o autor).
De acordo com a crítica da Editora Companhia das Letras, o livro, entretanto, não negligencia o rico ambiente cultural da Belém em que vive Benedito, que evoca alguns episódios decisivos de sua formação intelectual em registro autobiográfico.

Romance - A Câmara Brasileira do Livro (CBL) anunciou, na última sexta-feira (1º), os ganhadores. Na categoria Romance, o grande vencedor foi Se eu fechar os olhos, do jornalista Edney Silvestre. Passada essa primeira fase, a cerimônia final de premiação acontecerá no dia 4 de novembro, na Sala São Paulo, quando serão anunciados os melhores livros do ano, de ficção e não-ficção. O público também poderá votar, entre os dias 5 e 31 de outubro, no site www.premiojabuti.org.br. Quem levar o prêmio máximo, eleito por um júri formado por editores, receberá R$ 30 mil, mais a estatueta do Prêmio Jabuti.

Assessoria de Comunicação da UFPA



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Chico Buarque vence Prêmio Brasil Telecom de Literatura

O cantor, compositor e escritor Chico Buarque foi o grande vencedor da edição 2010 do Prêmio Brasil Telecom de Literatura. Seu livro "Leite Derramado" foi anunciado como o melhor do ano em cerimônia realizada em São Paulo nessa segunda-feira, dia 8.

O segundo lugar ficou para "Outra Vida", de Rodrigo Lacerda, e o terceiro foi de "Lar," de Armando Freitas Filho.

Este é o segundo prêmio conquistado por “Leite Derramado” em menos de uma semana. No dia 4 de novembro, ele recebeu o Jabuti, outra das mais importantes premiações literárias do país.

Entre os dez finalistas do Brasil Telecom, estava ainda "Caim", do escritor português José Saramago. Porém, antes de morrer, em junho deste ano, o autor pediu para que seu nome fosse retirado da lista. Ele havia decidido não aceitar nenhuma outra premiação literária após o Nobel.


Redatora: Tanara de Araújo