quinta-feira, 31 de maio de 2012

Mais um mito da Belém 400 anos: resta o verde só nas poesias e musicas

Pesquisa do IBGE mostra carência de verde em cidades

Rio - Às vésperas da Rio+20, Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, novos números do Censo 2010 mostram a carência de áreas verdes nas zonas urbanas do País e um índice elevado de domicílios com péssimas condições de esgotamento sanitário. Os números, divulgados nesta sexta-feira, revelam ainda altas taxas de iluminação pública e pavimentação.

Pela primeira vez, o Censo investigou as características do entorno dos domicílios, como iluminação pública, pavimentação, calçadas, meio-fio (guia), placas de identificação de ruas, praças e outros logradouros, rampa para cadeirantes, bueiros para escoamento de água de chuva, arborização, esgoto a céu aberto e lixo acumulado.

Foram analisados apenas os entornos de domicílios urbanos que estão localizados em quadras ou quarteirões. Com isso, parte das moradias de favelas ficaram fora da pesquisa. A pesquisa foi realizada em 96,9% dos domicílios particulares urbanos do País

Um terço dos domicílios em áreas urbanas não têm uma árvore sequer em seu entorno. São 14,9 milhões de moradias (32% do total pesquisado) onde vivem 50,5 milhões de pessoas (33%). A Região Norte é a mais carente em áreas verdes. O índice de domicílios urbanos sem árvores no entorno chega a 63,3%. A melhor cobertura verde está nas áreas urbanas do Sudeste, onde apenas 26,5% das residências não têm árvores por perto. O levantamento leva em conta apenas as árvores existentes no entorno dos domicílios e não considera as que ficam, por exemplo, em jardins internos.

A falta de área verde é muito mais acentuada nos domicílios pobres. Nas moradias com renda per capita mensal de até um quarto do salário mínimo, 43,2% não têm árvores no entorno. O índice cai quase à metade, para 21,5%, nos domicílios de renda de mais de dois salários mínimos por pessoa.

A melhor taxa de arborização está nos pequenos municípios de até 20 mil habitantes, onde 29,4% dos domicílios não têm árvores plantados ao redor. O pior desempenho é das cidades médias com população de 100 mil a 200 mil habitantes: 34,6% das residências não têm árvores no entorno.

Cidade anfitriã da conferência da ONU, o Rio de Janeiro está em nono lugar em índice de arborização, entre as 15 cidades com mais de 1 milhão de habitantes. Entre os domicílios urbanos cariocas, 72,2% têm árvores no entorno. O melhor índice entre as grandes cidades é de Goiânia, com 89,5% de domicílios com árvores em volta. São Paulo está em sexto lugar, com 75,4% de residências em áreas arborizadas.

Em plena Floresta Amazônica, Manaus é a segunda grande cidade com pior índice de arborização do País. Apenas um em cada quatro domicílios (25,1%) de Manaus tem pelo menos uma árvore plantada em seu entorno, mostra levantamento do IBGE feito nos municípios brasileiros com mais de 1 milhão de habitantes. A capital do Amazonas perde apenas para Belém, onde somente 22,4% das moradias têm árvores por perto.

Fonte: Agencia Brasil

terça-feira, 29 de maio de 2012

Exigir cheque caução para atendimento médico de urgência agora é crime

Brasília - O Diário Oficial da União publica hoje (29) a lei que torna crime a exigência de cheque caução para atendimento médico de urgência. A lei, de autoria dos ministérios da Saúde e da Justiça, altera o Código Penal de 1940 e tipifica a exigência como crime de omissão de socorro.
Atualmente, a prática de exigir cheque caução já é enquadrada como omissão de socorro ou negligência, mas não existia uma referência expressa sobre o não atendimento emergencial.
O Código Penal passa a vigorar nos termos do Artigo135-A acrescido ao Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, que estipula pena de detenção de três meses a um ano e multa para os responsáveis pela prática de exigir cheque caução, nota promissória ou qualquer garantia, inclusive o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial. A pena pode ser aumentada até o dobro, se da negativa de atendimento resultar lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resultar morte
Os hospitais particulares ficam obrigados a afixar, em local visível, cartaz ou equivalente, com a seguinte informação: "Constitui crime a exigência de cheque caução, de nota promissória ou de qualquer garantia, bem como do preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial, nos termos do Artigo 135-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal."
O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta lei, que entra em vigor hoje. A proposta foi apresentada pelo governo federal um mês após a morte do secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, 56 anos, vítima, em janeiro passado, de um infarto depois de ter procurado atendimento em dois hospitais privados de Brasília. Segundo a família, as instituições teriam exigido cheque caução.

Edição: Graça Adjuto - Agência Brasil

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Belém 400 anos: lixo é a realidade

Belém tem quase a metade dos domicílios com esgoto a céu aberto no entorno, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A capital paraense tem 44,5% das casas com tal característica negativa, e apresenta o pior índice entre as maiores cidades do País.


Na média total do País..., 11% das casas situadas em áreas urbanas têm esgoto a céu aberto em ruas próximas. O dado faz parte do estrato do Censo 2010 que investigou as condições no entorno das residências em áreas urbanizadas.

Em São Luís, 33,9% dos domicílios apresentam tal condição. Manaus (20,2%), Fortaleza (19,3%) e Recife (16,7%) também apresentam altos níveis de residências cujos moradores convivem com esgoto a céu aberto.

Já o lixo acumulado nas ruas é menor no País, segundo a pesquisa. O órgão aponta que 5% dos domicílios pesquisados têm depósitos de lixo nas vias ao redor. Belém também lidera esse ranking negativo. Na capital do Pará, 10,4% dos domicílios têm lixo acumulado no entorno. Em Fortaleza, essa proporção fica em 7,7%, e em São Luís chega a 6,3%.
Nos domicílios em que há coleta diária por serviços de limpeza, 4,7% têm lixo acumulado em ruas próximas. Nas casas com coleta em caçamba, essa proporção sobe para 6% em relação ao lixo. Já em locais onde o lixo tem algum outro tipo de destinação, 12,9% das casas têm ruas próximas com depósito de lixo.

O levantamento do Censo 2010 indica que 84,4% da população brasileira vivem em áreas urbanas. A pesquisa, divulgada nesta sexta-feira, mapeou 96,9% dos domicílios situados nessas regiões.

Dos 47,2 milhões de domicílios pesquisados, 34,2 milhões são ocupados por moradores próprios, e outros 10 milhões por pessoas que alugaram o imóvel.

Fonte: Terra

quarta-feira, 9 de maio de 2012

42% dos resíduos sólidos coletados no país vão para locais inadequados, indica estudo

São Paulo – A quantidade de resíduos sólidos gerados no Brasil em 2011 totalizou 61,9 milhões de toneladas, 1,8% a mais do que no ano anterior, de acordo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2011, lançado hoje (8), pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), durante a 11ª Conferência de Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas da Cidade de São Paulo. Do total coletado, 42% do lixo acabam em local inadequado.


Segundo o diretor executivo da Abrelpe, Carlos Silva Filho, o crescimento de resíduos sólidos no período de 2010 para 2011 foi duas vezes maior do que o crescimento da população, que cresceu 0,9% no período. “Se continuarmos nessa curva ascendente de crescimento ano após ano e não conseguirmos, de alguma forma, adotar ações adequadas para conter essa geração, certamente, em médio prazo, nossos sistemas de gestão de resíduos entrarão em colapso”.

O estudo mostra ainda que, em 2011, foram coletados 55,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos, o que resulta em uma cobertura de 90%. “Cerca de 10% de tudo o que é gerado acabam em terrenos baldios, córregos, lagos e praças. Nós vemos que esse problema é recorrente em praticamente todas as cidades do país”, disse Silva Filho. Da quantidade coletada, o Sudeste responde por 53% e o Nordeste por 22%. “Nessas duas regiões estão concentrados 75% de todo o lixo do território nacional”.

Segundo o Panorama, 42% dos resíduos sólidos foram destinados em locais inadequados como lixões e aterros controlados. Filho ressaltou que a Abrelpe considera a segunda opção inadequada porque, do ponto de vista ambiental, têm o mesmo impacto negativo que os lixões. “O aterro controlado não protege o meio ambiente como um aterro sanitário”.

De acordo com a publicação, a quantidade de lixo levado para aterros sanitários pode ter sido maior em porcentagem, mas ao analisar a quantidade nota-se que em 2011 a situação piorou. “Em 2010 o volume de destinação inadequada foi 22,9 milhões de toneladas contra 23,2 milhões de toneladas em 2011”, disse.

O Panorama indica ainda que dos 5.565 municípios brasileiros, 58,6% do total, afirmaram ter iniciativas de coleta seletiva, o que significa um aumento de 1% em comparação ao ano anterior. Com relação à coleta de lixo hospitalar, os municípios coletaram e destinaram 237,6 mil toneladas de resíduos de saúde, das quais 40% têm destino inadequado. “Dessa porcentagem temos 12% indo para lixão, sendo depositados sobre o solo sem tratamento prévio, não só contaminando o meio ambiente mas trazendo um risco muito grave para as pessoas que tiram seu sustento desses lixões”.

Para Silva Filho, o cenário revelado pelo Panorama precisa ser modificado até agosto de 2014, quando acaba o prazo para o cumprimento das metas da Lei Nacional de Resíduos Sólidos. Na avaliação do diretor executivo, as empresas do setor estão preparadas para enfrentar o desafio, pois têm tecnologia, conhecimento técnico e mão de obra. “Precisamos de vontade política e do recurso necessário para tanto. Sem isso não teremos a possibilidade de atender o que determina a lei nacional”, disse.


Fonte: Agência Brasil
Reportagem: Flávia Albuquerque

Repórter da Agência Brasil




terça-feira, 8 de maio de 2012

Especialistas e militares temem guerra cibernética no futuro

Voltando as postagens, começando com uma reflexão num mundo em constantes transformações...

Michael Gallagher


Da BBC Brasil

Um exercício militar internacional, realizado em março em uma base militar na Estônia, tentou prever as consequências de um novo tipo de conflito, uma guerra cibernética. A operação Locked Shields não envolveu explosões, tanques ou armas. Na operação, uma equipe de especialistas em TI atacou outras nove equipes, espalhadas em toda a Europa.

Nos terminais da equipe de ataque, localizados no Centro de Excelência da Otan em Defesa Cibernética Cooperativa, foram criados vírus ao estilo "cavalo de Troia" e outros tipos de ataques pela internet que tentavam sequestrar e extrair dados das equipes inimigas. O objetivo era aprender como evitar estes ataques em redes comerciais e militares e mostrou que a ameaça cibernética está sendo levada a sério pela aliança militar ocidental.

O fato de a Otan ter estabelecido seu centro de defesa na Estônia também não é por acaso. Em 2007 sites do sistema bancário, da imprensa e do governo do país foram atacados com os chamados DDoS (sigla em inglês para "distribuição de negação de serviço") durante um período de três semanas, o que agora é conhecido como 1ª Guerra da Web.

Os responsáveis seriam hackers ativistas, partidários da Rússia, insatisfeitos com a retirada de uma estátua da época da União Soviética do centro da capital do país, Tallinn. Os ataques DDoS são diretos: redes de milhares de computadores infectados, conhecidas como botnets, acessam simultaneamente o site alvo, que é sobrecarregado pelo tráfego e fica temporariamente fora de serviço.

Os ataques DDoS são, no entanto, uma arma primitiva quando comparados com as últimas armas digitais. Atualmente, o temor é de que a 2ª Guerra da Web, se e quanto acontecer, possa gerar danos físicos, prejudicando a infraestrutura e até causando mortes.

Trens descarrilados e blecautes

Para Richard A. Clarke, assistente de combate ao terrorismo e segurança cibernética para os presidentes americanos Bill Clinton e George W. Bush, ataques mais sofisticados podem fazer coisas como descarrilar trens em todo o país, por exemplo. "Eles podem causar blecautes, e não apenas cortando o fornecimento de energia, mas danificando de forma permanente geradores que levariam meses para serem substituídos. Eles podem fazer coisas como causar explosões em oleodutos ou gasodutos. Eles podem fazer com que aeronaves não decolem", disse.

No centro do problema estão interfaces entre os mundos físico e digital conhecidas como sistemas Scada, ou Controle de Supervisão e Aquisição de Dados, na sigla em inglês. Estes controladores computadorizados assumiram uma série de tarefas que antes eram feitas manualmente. Eles fazem de tudo, desde abrir as válvulas de oleodutos a monitorar semáforos.

Em breve estes sistemas serão comuns em casas, controlando coisas como o aquecimento central. O detalhe importante é que estes sistemas usam o ciberespaço para se comunicar com os controladores, receber a próxima tarefa e reportar problemas. Caso hackers consigam entrar nestas redes, em teoria, conseguiriam também o controle da rede elétrica de um país, do fornecimento de água, sistemas de distribuição para indústria ou supermercados e outros sistemas ligados à infraestrutura.

Dispositivos vulneráveis

Em 2007, o Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos demonstrou a potencial vulnerabilidade dos sistemas Scada. Com um software, o departamento entrou com comandos errados e atacou um grande gerador a diesel. Vídeos da experiência mostram o gerador chacoalhando violentamente e depois a fumaça preta toma toda a tela.

O temor é de que, um dia, um governo hostil, terroristas ou até hackers que apenas querem se divertir possam fazer o mesmo no mundo real. "Nos últimos meses temos vistos várias coisas", disse Jenny Mena, do Departamento de Segurança Nacional. "Atualmente existem mecanismos de buscas que podem encontrar aqueles dispositivos que estão vulneráveis a um ataque pela internet. Além disso, vimos um aumento no interesse nesta área na comunidade de hackers e de hackers ativistas."

Uma razão de os sistemas Scada terem uma possibilidade maior de ataques de hackers é que, geralmente, engenheiros criam o software, ao invés de programadores especializados.

De acordo com o consultor de segurança alemão Ralph Langner, engenheiros são especialistas em suas áreas, mas não em defesa cibernética.

"Em algum momento eles aprenderam a desenvolver software, mas não se pode compará-los a desenvolvedores de software profissionais que, provavelmente, passaram uma década aprendendo", disse.

E, além disso, softwares de infraestrutura podem estar muito expostos. Uma usina de energia, por exemplo, pode ter menos antivírus do que um laptop comum.

Quando as vulnerabilidades são detectadas, pode ser impossível fazer reparos imediatos no software.

"Para isso, você precisa desligar e ligar novamente (o computador ou sistema). E uma usina de energia precisa funcionar constantemente, com apenas uma parada anual para manutenção", disse Langner. Portanto, até o desligamento anual da usina, não se pode instalar novo software.

Stuxnet

Em 2010, Ralph Langner e outros dois funcionários de sua companhia começaram a investigar um vírus de computador chamado Stuxnet e o que ele descobriu foi de tirar o fôlego.

O Stuxnet parecia atacar um tipo específico de sistema Scada, fazendo um trabalho específico e, aparentemente, causava pouco dano a qualquer outro aplicativo que infectava.

Era inteligente o bastante para encontrar o caminho de computador em computador, procurando sua presa. E também conseguia explorar quatro erros de software, antes desconhecidos, no Windows, da Microsoft.

Estes erros são extremamente raros o que sugere que os criadores do Stuxnet eram muito especializados e tinham muitos recursos.

Langner precisou de seis meses para analisar apenas um quarto do vírus. Mesmo assim, os resultados que conseguiu foram espantosos.

O alvo do Stuxnet era o sistema que controlava as centrífugas de urânio na usina nuclear de Natanz, no Irã.

Atualmente se especula que o ataque foi trabalho de agentes americanos ou israelenses, ou ambos. Qualquer que seja a verdade, Langner estima que o ataque o Stuxnet atrasou em dois anos o programa nuclear iraniano e custou aos responsáveis pelo ataque cerca de US$ 10 milhões, um custo relativamente pequeno.

Otimistas e pessimistas

O professor Peter Sommer, especialista internacional em crimes cibernéticos afirma que a quantidade de pesquisa e a programação sofisticada significam que armas do calibre do Stuxnet estariam fora do alcance da maioria, apenas disponíveis para governos de países avançados. E governos, segundo o especialista, costumam se comportar de forma racional, descartando ataques indiscriminados contra alvos civis.

"Você não quer causar, necessariamente, interrupção total. Pois os resultados podem ser imprevistos e incontroláveis. Ou seja, apesar de alguém poder planejar ataques que possam derrubar o sistema financeiro mundial ou a internet, por quê alguém faria isto? Você pode acabar com algo que não é tão diferente de um inverno nuclear."

No entanto, o consultor Ralph Langner afirma que, depois de infectar computadores no mundo todo, o código do Stuxnet está disponível para qualquer que consiga adaptá-lo, incluindo terroristas.

"Os vetores de ataque usados pelo Stuxnet podem ser copiados e usados novamente contra alvos completamente diferentes. Até há um ano, ninguém sabia de uma ameaça tão agressiva e sofisticada. Com o Stuxnet, isso mudou. (...). A tecnologia está lá, na internet."

Langner já fala em uma certeza: se as armas cibernéticas se espalharem, os alvos serão, na maioria, ocidentais, ao invés de alvos em países como o Irã, que tem pouca dependência da internet.

E isto significa que as velhas regras de defesa militar, que favoreciam países poderosos e tecnologicamente avançados como os Estados Unidos, já não se aplicam mais.