“A escolha da outrora capital do Brasil como meta do jovem lígure justifica-se pela posição estratégica de sua localização na rota dos navios da marinha mercante do Reino de Piemonte e Sardenha, em direção a Montevidéu e Buenos Aires. Outro fator que deve ter influenciado a preferência pelo Brasil foi a efervescência da situação política no período de Regência (1831-1840), definida por alguns historiadores como uma inusitada ‘experiência republicana’ no interior do Império, devido à menor idade de D. Pedro II. Não se pode minimizar, ainda, o interesse econômico, uma vez que neste período as novas riquezas então produzidas pela expansão cafeeira na região movimentavam o porto do Rio de Janeiro e todas as atividades comerciais a ele relacionadas”, escreve Maria Pace Chiavari no artigo “Rio de Janeiro, a porta de entrada de Garibaldi para a América Latina”.
Entre 1837 e 1840, Garibaldi lutou na Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul, lado a lado com os combatentes farrapos liderados por Bento Gonçalves. Deixou o Rio Grande do Sul e estabeleceu-se em território uruguaio, já acompanhado de Anita. Lá chefiou a Legião Italiana durante o longo cerco a Montevidéu, de 1845 a 1851. Depois retornou à Itália, para lutar mais uma vez com seus companheiros camisas-vermelhas pela unificação do país, que ocorreria somente em 1861. Garibaldi morreu na ilha de Caprera, em 1882, 33 anos depois de Anita, a brasileira que o amou e acompanhou em uma das mais emocionantes epopéias da humanidade.
Para os organizadores de "Os Caminhos de Garibaldi na América", estudar um vulto histórico de forma apaixonada não significa idealizá-lo ou colocá-lo num pedestal. Ao contrário, trata-se de encarar o mito, com todas as suas contradições. E isso só se torna possível com a soma de pontos de vista diversos, de especialistas e pesquisadores que investigaram a fundo, em contextos e ângulos diferentes, as muitas facetas do personagem. Nesse sentido, a vida de Giuseppe Garibaldi, sem dúvida, representa uma riqueza ilimitada.
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