Empresas reaproveitam o óleo de cozinha
DAYANA AQUINO
Da Redação - ADV
No rastro da sustentabilidade, empresas tomam iniciativas para tornar suas atividades mais limpas. Embora ainda embrionárias diante da real possibilidade de práticas mais responsáveis, as ações esboçam um real futuro de novas possibilidades energéticas.
Uma das ações é a reutilização do óleo restante do preparo de refeições em restaurantes, sendo destinado à produção de biodiesel. O Projeto Brasil Biodiesel, vem na fila do reaproveitamento, transformando os resíduos do óleo de cozinha em biocombustível. O projeto é liderado pelas empresas Martin-Brower e McDonald’s. O trabalho já utiliza o cenário de uma futura adição de 20% de biodiesel puro ao diesel mineral
“Neste projeto já trabalhamos com a utilização de B20 em alguns caminhões e estamos obtendo resultados bem positivos. No futuro a estimativa é que esta porcentagem cresça e estimule outras empresas a também utilizarem este tipo de produto como um exemplo de ação bem sucedida”, afirma Haroldo Barros, sócio-diretor da SP Bio.
Barros explica que apenas as fritura de batatas e empanados McDonald’s geram cerca de três milhões de litros de óleo de cozinha por ano, o que possibilitaria abastecer com biodiesel B40 toda a frota de caminhões que atendem a rede no país.
Por enquanto o projeto está na fase experimental. A Martin-Brower, empresa de logística de alimentos, ao entregar os produtos, recolhem o óleo dos restaurantes.
Hoje, a SP BIO recebe óleo de 20 lojas do McDonald’s, que já são capazes de abastecer cinco caminhões, sendo quatro com B20 e um com B100, isto é, 20% e 100% de óleo de cozinha reciclado, respectivamente.
Os testes foram iniciados em junho de 2009 e são liderados pela Martin-Brower e Arcos Dourados e envolvem outras nove empresas parceiras – Volkswagen, Shell, Thermo King, SP BIO, Tietê Caminhões e Ônibus, MWM International, Cummins, Tek Diesel e a ATA - Ativos Técnicos e Ambientais, como coordenação e consultoria do projeto.
Iniciativa semelhante foi iniciada no ano passado no Distrito Federal, reaproveitando o óleo de fritura usado em bares e restaurantes de Brasília pra abastecer parte da frota local. A ação envolve a Embrapa e a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), desenvolvedoras do projeto, em parceira com a Emater/DF, Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília e a Centro Federal de Educação Tecnológica de Brasília (CEFET/DF).
Nesse caso, a preocupação maior da Embrapa e dos parceiros é evitar a contaminação das estações de tratamento de água, visto que, grandes volumes de recursos são gastos com produtos químicos para neutralização dos óleos residuais provenientes de frituras que chegam aos esgotos. A eliminação destes resíduos proporcionará redução de custos com o tratamento de água, além de significativo ganho para a sociedade visto que elimina-se um passivo ambiental resultante da emissão de produtos químicos ao meio ambiente.
Estudo
Já o estudo desenvolvido pela Coppe – UFRJ apresenta a proposta de produzir biodiesel no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Bairro turístico conhecido mundialmente, concentra uma grande quantidades de bares e restaurantes, o que viabilizaria o projeto.
De acordo com o estudo, há viabilidade econômica e ambiental para a instalação de uma usina piloto. O levantamento realizado em 190 estabelecimentos apontou que quase a totalidade dos 130 mil litros de óleo de fritura são desperdiçados na rede de esgoto.
De acordo com o coordenador do projeto, professor Rogério Valle, do Laboratório de Sistemas Avançados de Gestão da Produção (Sage) da Coppe, a iniciativa, além de evitar os danos por esse modelo de desperdício de óleo, poderá dar origem ao biocombustível. O sistema de coleta nos bares, restaurantes e hotéis poderia ser feito a partir de uma empresa cooperativa, que se beneficiaria da venda do óleo para a planta piloto.
Os impactos ambientais foram avaliados por meio da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), método que analisa o produto desde a extração da matéria-prima necessária à sua fabricação até o destino final. Para elaborar o modelo, o estudo utilizou dados da planta-piloto do laboratório do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), da Coppe, com capacidade de produção de 250 litros de biodiesel a cada duas horas. Hoje a usina piloto tem capacidade de produzir 25 mil litros por dia.
O uso do óleo de fritura para produção de biodiesel não é novidade. Diversos estudos dão conta da viabilidade de produção, mas os custos com a logística ainda podem ser um obstáculo. Além de onerar o valor final do produto, a queima de diesel no transporte pode resultar em uma conta não favorável ao meio ambiente.
Fonte: Portal Luis Nassif
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