Com informações da BBC e Agência Brasil
Explosão nos reatores
O reator número 3 da usina nuclear de Fukushima, no Japão, sofreu uma pane no seu sistema de resfriamento e explodiu nesta segunda-feira, a exemplo do que já havia ocorrido com o reator número 1.
Um porta-voz da companhia de eletricidade Tokyo Electric Power (Tepco) disse que os técnicos estão adotando medidas como injetar água do mar no reator número 2 da usina para evitar o superaquecimento da instalação.
Segundo a agência de segurança nuclear do Japão, a explosão foi causada por um acumulo de hidrogênio. O incidente deixou onze feridos, um deles em estado grave.
Mas as autoridades afirmaram que o reator número 3 resistiu ao impacto. O núcleo da estrutura teria permanecido intacto e os níveis de radiação, abaixo dos limites considerados legalmente perigosos.
Contingência
O governo informou que o sistema de bombeamento de água do mar para os reatores permanece em operação apesar da última explosão - essa é uma contingência de último caso, mostrando a gravidade da situação, embora não indique a iminência de um vazamento radioativo mais grave.
No fim de semana, técnicos trabalharam para resfriar os três reatores da usina Fukushima 1, que tiveram problemas em seu sistema de resfriamento após o terremoto e o tsunami na sexta-feira.
O porta-voz do governo, Yukio Edano, afirmou que há baixa possibilidade de contaminação por radiação por conta da última explosão. Ainda assim, dezenas de milhares de pessoas foram evacuadas das proximidades da instalação e 22 estão sob tratamento por exposição à radiação.
Especialistas creem que é improvável uma repetição do desastre nuclear das proporções de Chernobyl, em 1986, porque os reatores atuais são construídos com padrões mais elevados e sob medidas de segurança mais rigorosas.
Apagão controlado
Nesta segunda-feira, a Tepco também deu início aos cortes de eletricidade planejados em áreas próximas à capital, para evitar blecautes.
Segundo a agência de notícias Kyodo News, os esforços da região para economizar energia permitiram adiar a operação, que estava prevista para começar no início da manhã, mas só teve início às 17 horas, na hora local.
O plano, que não tem precedentes na história do país, prevê suspensões de energia durante 3 a 6 horas em regiões alternadas até o fim de Abril.
A área central de Tóquio está excluída do plano de cortes, já que os escritórios do governo e muitas sedes de empresas funcionam no local.
As autoridades estão aconselhando os cidadãos a não ir para o trabalho nem levar seus filhos à escola, para evitar sobrecarregar a debilitada capacidade do sistema de transporte público.
O premiê disse que o desastre mergulha o país "na crise mais grave desde a Segunda Guerra Mundial".
Alemanha: Pensando melhor
A Alemanha anunciou nesta segunda-feira que suspendeu temporariamente seus planos de ampliar a vida útil de suas usinas nucleares.
A chanceler Angela Merkel disse que a decisão divulgada no ano passado, de estender a vida útil das 17 usinas nucleares do país, será suspensa por três meses.
"Durante a moratória, examinaremos como podemos acelerar a rota para a era da energia renovável", disse ela.
O governo alemão tem sido alvo de protestos contrários à ampliação da vida útil das instalações, e, com a suspensão anunciada nesta segunda-feira, as duas plantas nucleares mais antigas do país (construídas nos anos 1970) provavelmente serão fechadas nos próximos meses.
Merkel disse que os eventos no Japão "nos ensinam que os riscos que considerávamos absolutamente improváveis na verdade não o são"
União Europeia: Aumento de segurança
Além da Alemanha, o acidente nuclear japonês - já considerado o mais grave desde Chernobyl, em 1986 - levou também outros países a reverem suas posições.
A Suíça disse que vai endurecer os padrões de segurança que regulam suas usinas nucleares "particularmente com relação à segurança sísmica e resfriamento", segundo a ministra da Energia do país, Doris Leuthard.
A Suíça tem quatro usinas nucleares que produzem 40% da energia que o país consome.
A União Europeia convocou para a terça-feira uma reunião com autoridades do setor nuclear para discutir o quanto o bloco está preparado para o caso de emergências.
A Áustria, que se preocupa com a segurança em plantas nucleares instaladas em antigos países comunistas com os quais faz fronteira, reivindica que as usinas sejam testadas em casos de terremotos.
Mas países como a Rússia e a Polônia afirmaram que não vão cancelar planos de ampliar o uso de energia nuclear.
Em janeiro, havia 195 usinas nucleares em operação na Europa e 19 em construção, sendo que 11 delas na Rússia.
Brasil: Técnica, e não política
No Brasil, o presidente do Senado, José Sarney, pediu para que ocorra um debate "feito por técnicos, não por políticos", sobre a segurança das usinas brasileiras.
Segundo Sarney, o governo brasileiro deve analisar a conveniência de novos investimentos na construção de usinas nucleares depois do que ocorreu no Japão e, principalmente, das consequências a que está submetida a população daquele país.
Hoje, o Brasil tem em funcionamento duas usinas nucleares - Angra 1 e Angra 2 -, no Rio de Janeiro. No ano passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 6,1 bilhões para a construção de Angra 3.
Segundo a Eletronuclear, esse financiamento corresponde a 58,6% do investimento total do projeto. A empresa, à época da aprovação do financiamento, informou que ainda seria necessário investimentos diretos de cerca de R$ 9,9 bilhões.
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