terça-feira, 27 de março de 2012

Teu povo te quer de volta, Belém!


Ainda te chamam de menina morena, mesmo prestes a te tornares quatrocentona.

Mas há de se perguntar, às vésperas do teu quartocentenário:

Será que tá tudo bem, Belém?

Em tuas ruas, além das sombras das frondosas mangueiras a amenizar o
calor, recrudesce, dia e noite, o sombrio abandono das tuas crianças.

Em tua atmosfera, o cheira-cheira do tacacá e o delicioso aroma das
tuas frutas concorrem com o lixo que não suportamos cheirar.

Em tuas escolas, onde o presente é de esquecimento, educadores e
estudantes te imploram pelo futuro.

Teus filhos e filhas, largados à própria dor, nos corredores e no chão
das unidades de saúde, sem remédio para aliviar os males, sem
tratamento e atenção, reclamam teu colo de mãe.

Teu povo te quer de volta, Belém!

Teu povo te quer liberta do abandono e do maltrato.

Teu povo, amável e hospitaleiro, lutador e insubmisso, te quer de volta!

Belém, Belém, que todas as manhãs acorda a feira na beira do Guajará,
eis aqui o teu povo desperto e ávido para saciar os murmúrios de
saudades que há muito latejam no peito.

Saudades da nossa Belém cheirosa e formosa.

Saudades da nossa Belém que abraçava e acolhia o seu povo e por este
era abraçada e acolhida.

És, Belém, nossa bandeira.

És, Belém, nossa terra, nossa casa, nosso chão.

E é por ti, Belém, que conclamamos o teu povo à luta.

É por ti, Belém, que conclamamos o teu povo a um esforço que não cabe
num único segmento da sociedade, ou numa única pessoa, ou num único
partido.

E a que luta e esforço nos referimos?

A luta e o esforço para devolver Belém ao seu povo; para devolver o
povo à sua cidade; para devolver à Belém e ao seu povo o direito a um
presente e a um futuro de justiça e felicidade.

Mas se essa luta e esse esforço não cabem num único segmento social,
ou numa única pessoa, ou num único partido, cabem muito menos aos que
usurparam as riquezas da nossa cidade e sequestraram a esperança de
seu povo.

Essa luta e esse esforço são dos que fazem da busca por justiça e
felicidade coletivas, a razão de ser dos eleitos e a única razão ética
que justifica os governos.

O governo de Belém a ser eleito para o próximo quadriênio (2013 a
2016) será o governo dos 400 anos.

Façamos valer o dito popular segundo o qual cada povo tem o governo que merece.

E que governo o povo de Belém merece em seus 400 anos?

O que merecemos, e queremos, é um governo que governa com participação
e controle social; que cuida de suas crianças e idosos; que preza e
pratica a solidariedade; que governa com transparência; que não
usurpa, malversa ou dilapida o bem público; que busca obstinadamente a
justiça e a felicidade para todos; que mira o futuro sem descuidar-se
do presente de seus filhos e filhas, naturais e adotivos.

O povo de Belém quer de volta o direito a um presente e a um futuro
dignos. Quer de volta o direito de sonhar, pois já o provou, não faz
muito tempo, e não esquece o gosto.

Este manifesto, mais do que uma declaração de amor por Belém, é o ato
inaugural de um movimento cívico no qual o povo de Belém é o
protagonista.

O segundo, de tantos outros atos que se seguirão, consistirá na
realização de um grande seminário, no dia 17 de abril, às 14 horas, no
Hotel Sagres, que será um espaço reflexivo e propositivo sobre os
problemas, soluções e desafios da nossa cidade, em seus 400 anos.

Com fé no que virá, exortamos homens e mulheres, jovens e idosos,
trabalhadores, empresários, estudantes, enfim, todos e todas, a
aderirem a esse movimento cívico que haverá de devolver Belém ao seu
povo.

Belém, 26 de março de 2012.

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